quinta-feira, maio 29, 2025
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Urnas funerárias da Amazônia voltam a Tefé após seis anos de estudos e preservação cultural

Após⁢ um‍ longo período de estudos, sete urnas funerárias da Tradição Polícroma ‍da amazônia retornaram ao⁣ município ​de ⁣Tefé (AM), sua ⁢terra natal. O⁢ transporte,realizado por via fluvial,percorreu mais de‍ 1.200 km e exigiu cuidados especiais ⁢para garantir a preservação ⁢dos artefatos arqueológicos.

Eduardo⁣ Kazuo ‌Tamanaha,arqueólogo e líder do Grupo de Pesquisa Arqueologia e Gestão do ‌Patrimônio Cultural​ da ‌Amazônia⁢ do Instituto Mamirauá,destaca a importância desse momento: “Esse é‍ um‌ momento muito ⁤importante ⁣e esperado por todos nós,tanto os pesquisadores quanto os moradores de Tauary.” Ele acrescenta que a ⁢pandemia e as dificuldades financeiras atrasaram o progresso dos trabalhos, mas também proporcionaram à equipe coordenada pela professora Dra. Anne ⁣rapp ⁣Py-Daniel mais tempo para ⁤analisar o material coletado.

A descoberta‌ das urnas fortalece⁢ os laços entre ciência e comunidade local.‌ Em 2018, durante escavações na comunidade de Tauary na ⁤Floresta Nacional de Tefé, arqueólogos encontraram essas urnas no solo em seu ⁣contexto original.⁣ Decoradas com rostos e símbolos significativos, elas revelam práticas funerárias complexas que demonstram grande cuidado.

avanços tecnológicos têm ampliado a ‍compreensão sobre os rituais funerários dessa‌ cultura antiga. Pesquisas ‌lideradas pela arqueóloga ⁢Anne Rapp Py-Daniel utilizaram tomografia⁢ computadorizada para examinar as urnas sem causar danos aos artefatos. Essa técnica inovadora permitiu identificar vestígios​ humanos e avaliar o ⁣estado de conservação das ​urnas.

“Essas urnas ⁢não ‌são apenas objetos‍ frágeis; elas são equivalentes a caixões que carregam um‌ valor simbólico profundo”, explica Anne Rapp Py-Daniel. ela ⁤enfatiza que toda intervenção deve ser cuidadosamente planejada⁢ para​ respeitar esses itens culturais valiosos.A ‌participação‌ ativa da comunidade local⁢ foi essential durante todo ⁣o processo de escavação. ​Os ​moradores acompanharam‍ as atividades desde o início e solicitaram ⁣apoio ​técnico ao ⁤perceberem vestígios importantes no local das escavações. Em maio deste ano, uma equipe ⁢do ⁤Instituto Mamirauá junto com a UFOPA retornou à comunidade para apresentar os resultados ⁢das pesquisas realizadas até então.

O sucesso dessas investigações é ⁤resultado da colaboração​ entre diversas instituições na⁣ região Norte do Brasil. A pesquisadora destaca como essas parcerias são essenciais para dar ⁢continuidade aos trabalhos científicos fora dos grandes ⁤centros urbanos: “Temos parcerias com ⁣o Instituto Mamirauá há 14 anos; isso‌ é ‍super importante porque muitas vezes não temos recursos ou proximidade com ⁢grandes centros.”

Após seu retorno a Tefé, as urnas agora fazem parte do acervo do Laboratório de Arqueologia do⁣ Instituto Mamirauá onde continuarão passando por análises detalhadas e processos conservativos ⁣necessários à sua preservação futura. Essa ​descoberta reforça evidências sobre uma Amazônia ​pré-colonial densamente‌ povoada e culturalmente ⁤rica — desafiando visões⁣ simplistas sobre essa região como um território⁢ intocado ou esparsamente habitado.

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