Desembargadora nega habeas corpus e reforça gravidade das operações financeiras atribuídas ao presidente do Banco Master
A Justiça Federal decidiu, na noite de quinta-feira (20), manter a prisão preventiva de Daniel Vorcaro, presidente e um dos principais acionistas do Banco Master. A decisão foi tomada pela desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que rejeitou o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do empresário, preso desde segunda-feira (17) em uma operação da Polícia Federal.
Vorcaro foi detido no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, momentos antes de embarcar em um avião particular com destino ao exterior — episódio que contribuiu para reforçar a suspeita de tentativa de fuga.
Fundamentos da decisão
No despacho, a magistrada afirma que a prisão deve ser mantida como forma de resguardar a ordem pública e impedir que o grupo investigado continue operando. A desembargadora descreve a rede financeira sob investigação como uma estrutura altamente sofisticada, com capacidade econômica e estabilidade operacional suficientes para sustentar práticas ilícitas por longos períodos.
Segundo ela, o conjunto de informações coletadas pela PF mostra “um arranjo criminoso robusto, articulado e com atuação prolongada em fraudes financeiras complexas”.
Risco bilionário ao BRB
O trecho mais contundente da decisão aponta o impacto potencial das irregularidades sobre o Banco de Brasília (BRB). A magistrada indica que a suposta manipulação de carteiras de crédito entre o BRB e o Banco Master pode gerar prejuízos estimados em R$ 17 bilhões, comprometendo a solidez do banco público.
A investigação menciona manobras envolvendo créditos fictícios, transferência irregular de ativos, uso de empresas de fachada e criação de narrativas falsas destinadas a enganar órgãos reguladores do sistema financeiro.
Reação e postura da defesa
Os advogados do banqueiro afirmam que Vorcaro não pretendia fugir e que sempre demonstrou disposição para colaborar com as autoridades. Em comunicado divulgado após a decisão, a defesa declarou que respeita o entendimento da desembargadora, mas continuará buscando sua libertação em instâncias superiores, com base nas garantias constitucionais e no devido processo legal.
BRB anuncia auditoria externa
Em resposta às revelações da investigação, o BRB confirmou que fará uma auditoria independente para avaliar eventuais falhas internas e dimensionar sua exposição ao esquema. O banco informou que pretende revisar processos de governança e mecanismos de controle que possam ter permitido a movimentação irregular de carteiras de crédito.
Patrimônio apreendido
A operação, batizada de Compliance Zero, já resultou na apreensão de mais de R$ 30 milhões em bens ligados aos investigados. Entre os itens confiscados estão:
veículos de alto padrão;
dinheiro vivo;
relógios de luxo;
obras de arte;
joias avaliadas em centenas de milhares de reais.
Além disso, a PF reteve uma aeronave particular estimada em R$ 200 milhões. Todos os bens passam agora por avaliação patrimonial, e parte deles poderá ser destinada à reparação dos danos financeiros provocados pelo esquema.
Próximos passos
O mérito do habeas corpus ainda será apreciado por uma das turmas do TRF-1, em data que não foi definida. Até lá, Vorcaro e mais seis executivos ligados ao Banco Master seguem detidos como desdobramento da operação, que apura a concessão fraudulenta de créditos e uma tentativa de venda irregular do Banco Master para o BRB.
(*) Com informações da Agência Brasil
