Os casos de Parkinson no Brasil devem mais que dobrar até 2060, passando dos atuais 500 mil para cerca de 1,2 milhão, segundo estudo brasileiro divulgado em abril no The Lancet Regional Health. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Federal do Rio grande do Sul (UFRGS) e outras instituições, analisou dados de quase 10 mil pessoas em todas as regiões do país.Apesar desse aumento previsto, a doença ainda é subdiagnosticada nos estágios iniciais, o que reforça a necessidade de ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento.
Crescimento dos casos e desafios no diagnóstico
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa causada pela degeneração das células produtoras de dopamina, neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos. O envelhecimento é o principal fator de risco identificado; entretanto, há indícios que associam a condição à exposição prolongada a certos produtos químicos como solventes.
No início da doença aparecem sintomas como tremores involuntários, lentidão nos movimentos e rigidez muscular. O diagnóstico baseia-se na avaliação clínica porque não existe exame específico capaz de detectar precocemente essa enfermidade progressiva.Apesar do avanço nas pesquisas e tratamentos disponíveis atualmente serem eficazes para controlar os sintomas iniciais da doença – com uso de medicamentos dopaminérgicos associados à fisioterapia e fonoaudiologia – muitos pacientes ainda enfrentam dificuldades devido ao subdiagnóstico precoce.
Tratamentos disponíveis para controlar os sintomas
Embora não exista cura definitiva para o Parkinson até o momento, as terapias ajudam a manter os sintomas sob controle por meio de diferentes abordagens conforme a evolução da doença.
Terapia medicamentosa inicial
Nas fases iniciais são indicados remédios que substituem ou aumentam os níveis da dopamina cerebral. Além disso, atividades físicas regulares e sessões específicas como fisioterapia contribuem significativamente para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
opções avançadas quando há limitações funcionais
Após sete ou oito anos do início dos sintomas podem surgir limitações funcionais importantes. Nessa fase mais avançada se discute tratamentos complementares chamados “terapias avançadas”, indicadas especialmente quando os medicamentos orais perdem eficácia total.
Estimulação Cerebral Profunda (DBS)
A DBS consiste na implantação cirúrgica bilateral de eletrodos em áreas específicas do cérebro ligados a um marcapasso implantado no tórax. Esse dispositivo envia impulsos elétricos modulando as células afetadas pelo Parkinson com grande eficácia contra tremores e lentidão motora. A intensidade pode ser ajustada conforme necessário durante o progresso da doença; contudo esse procedimento pode ser contraindicado em idosos muito frágeis ou com outras condições clínicas graves.
Ultrassom Focalizado (HIFU)
O HIFU utiliza ondas ultrassônicas focadas num ponto exato do tálamo cerebral responsável pelos tremores. É um método menos invasivo comparado à DBS: feito com paciente acordado dentro da máquina ressonância magnética usando capacete especial após raspagem total do cabelo. Promove melhora imediata nos tremores em cerca de 70%, mas não atua sobre rigidez nem lentidão motora. Pode ser repetido unilateralmente após nove meses caso haja tremores bilaterais; efeitos colaterais geralmente são leves e temporários como desequilíbrio momentâneo ou alterações sensoriais locais.
Terapia contínua por infusão dopaminérgica
Indicada para pacientes que apresentam flutuações motoras chamadas “on” (bom controle) e “off” (sintomas intensificados), essa terapia administra continuamente medicação via bomba subcutânea liberando doses constantes durante todo dia evitando quedas bruscas na ação medicamentosa oral tradicional. Embora aprovada recentemente nos Estados Unidos desde 2024 ainda aguarda liberação pela Anvisa no Brasil.
Conclusão: importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado
Com previsão alarmante sobre o aumento expressivo dos casos no país nas próximas décadas torna-se fundamental investir na detecção precoce dessa condição neurológica debilitante aliada ao acesso facilitado às opções terapêuticas existentes hoje capazes melhorar significativamente qualidade vida das pessoas afetadas pelo Parkinson.
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