domingo, agosto 10, 2025
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Tensões no Oriente Médio podem ameaçar a ZFM, alerta FIEAM

Apesar do anúncio de um possível cessar-fogo no Oriente Médio, ventilado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, o clima de instabilidade na região continua a preocupar o setor produtivo do Amazonas. O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Dr. Nelson Azevedo, adverte que, se os conflitos envolvendo o Irã e potências ocidentais não forem definitivamente contidos, o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) poderá enfrentar consequências graves.

Em entrevista ao Portal Em Tempo, nesta terça-feira (24), Azevedo alertou que um eventual bloqueio do Estreito de Ormuz — rota por onde passa mais de um quinto do petróleo mundial — teria impacto direto sobre o Brasil, com reflexos imediatos na economia do Amazonas.

“Caso o cessar-fogo não prospere e o Irã venha a interromper o tráfego de petróleo e gás, os preços globais do petróleo podem ultrapassar os US$ 100 o barril. Isso encareceria os combustíveis, os fretes e comprometeria ainda mais a competitividade da Zona Franca”, afirmou.

O Polo Industrial de Manaus, segundo o dirigente, é extremamente sensível à variação dos custos logísticos e energéticos, devido à dependência de transportes fluvial e aéreo. Um aumento nos preços dos combustíveis, especialmente do diesel, provocaria um efeito em cascata: elevação dos custos de produção, encarecimento de produtos ao consumidor e agravamento dos gargalos de transporte para o interior e a capital.

Impactos macroeconômicos

Azevedo destacou ainda que os efeitos de uma crise prolongada não se limitariam ao setor de combustíveis. “O aumento do petróleo gera inflação, pressiona o IPCA e pode forçar o Banco Central a elevar a taxa Selic. Isso restringe o crédito, reduz o consumo e desestimula investimentos — o que é desastroso para regiões como o Amazonas, onde a indústria já opera sob condições adversas”, explica.
A desvalorização do real diante de um cenário de instabilidade internacional é outro fator de risco. “Com o dólar em alta, os insumos importados usados pelas indústrias da ZFM ficam mais caros, corroendo margens e tornando os produtos menos competitivos no mercado interno e externo”, alerta o vice-presidente da FIEAM.

Mesmo que o Brasil, como produtor de petróleo, possa se beneficiar momentaneamente com a alta das commodities energéticas, Azevedo ressalta que uma eventual recessão global reduziria a demanda por bens duráveis — justamente os principais produtos fabricados em Manaus.
“Se o mundo desacelerar por causa de uma crise energética prolongada, o Amazonas será um dos primeiros a sentir os impactos”, aponta. “Não podemos repetir o erro da pandemia, quando ficamos à mercê de uma crise global sem proteção adequada. A Zona Franca não pode ser abandonada à própria sorte.”

Urgência de ações preventivas

Diante desse cenário, ele defende ações urgentes por parte do Governo Federal. “É preciso planejamento logístico, estímulos fiscais e políticas de sustentação industrial que blindem o Amazonas dos efeitos colaterais de crises externas”, diz Azevedo.

Mesmo com a perspectiva de que o Estreito de Ormuz não seja bloqueado por longo período — já que o próprio Irã depende das exportações —, os efeitos da tensão já são sentidos. “O simples temor de bloqueio já está pressionando o mercado. A Zona Franca, com sua logística vulnerável, é particularmente exposta a essas oscilações”, observa.

Por isso, o dirigente enfatiza a necessidade de vigilância contínua e articulação direta com Brasília. “A Zona Franca é estratégica para o Brasil, não apenas para a Amazônia. Garantir sua estabilidade é uma questão de segurança econômica nacional”, conclui.

(*) Com informações da assessoria

Leia mais: Trump anuncia cessar-fogo entre Israel e Irã

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