sexta-feira, agosto 1, 2025
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Tarifaço: Suframa adota cautela após anúncio de perda de R$ 1,1 bi no PIB

Manaus (AM) – A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) optou por cautela diante da estimativa de que o Amazonas poderá perder até R$ 1,1 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB) estadual devido ao aumento de tarifas de importação anunciadas pelos Estados Unidos. A projeção, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira (29), preocupa o setor industrial da região.

Ao Em Tempo, o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, informou por meio da assessoria de imprensa que a autarquia não emitirá manifestação oficial até que o governo federal apresente um posicionamento formal sobre a medida.

Em 11 de julho, Saraiva já havia declarado que a Suframa seguirá a linha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, minimizou o impacto das exportações ao mercado americano sobre o faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM).

“Esse volume é quase insignificante para o faturamento do PIM. A cautela e a prudência devem ser o norte do nosso comportamento, pois acreditamos na capacidade de negociação do nosso governo e do nosso ministro”, disse Saraiva.

Apesar da posição moderada da superintendência, o estudo da CNI calcula que o aumento das tarifas pode provocar retração de 0,67% no PIB do Amazonas. O impacto é sentido especialmente na indústria de transformação, que responde por 96,1% das exportações do estado aos EUA.

Entre os principais produtos atingidos estão equipamentos de transporte (US$ 28 milhões), derivados de petróleo e biocombustíveis (US$ 25 milhões) e máquinas e equipamentos (US$ 24,4 milhões).

Setores afetados

A coordenadora-geral de Assuntos Estratégicos da Suframa, Ana Maria de Souza, já havia alertado para o risco econômico. Em entrevista no último dia 16, ela afirmou que os setores de aço, alumínio e indústria de base serão os mais afetados. Segundo ela, o fluxo comercial entre a Zona Franca e os EUA é historicamente desigual — em 2024, para cada dólar exportado, o Brasil importou US$ 14.

Ana Maria também avalia que a política tarifária americana pode gerar reflexos diplomáticos e financeiros, como aumento do risco-Brasil, encarecimento do crédito externo e possível guerra comercial, caso o país opte por medidas retaliatórias. Por outro lado, ela aponta que a desvalorização do real pode abrir oportunidades com Europa e América do Sul e reduzir o chamado “custo Brasil”.

Efeitos regionais

O estado do Pará também aparece entre os estados afetados, segundo o levantamento da CNI. A perda estimada é de R$ 973 milhões, o que representa 0,28% do PIB estadual. Embora os EUA representem apenas 3,6% das exportações paraenses, 95,2% dos embarques são da indústria, principalmente metalurgia, produtos químicos e alimentos.

No Centro-Oeste, as perdas projetadas superam R$ 1,9 bilhão. No Nordeste, Bahia, Pernambuco e Ceará aparecem entre os mais impactados. Já Roraima, Sergipe, Acre, Piauí e Amapá somam perdas acima de R$ 1,8 bilhão.

A reportagem procurou o secretário estadual de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Serafim Corrêa, mas não obteve resposta até a publicação. O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) também foi contatado, mas não houve respostas até a publicação da matéria.

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