O Brasil lidera o ranking de infidelidade na América Latina, com a maior incidência de casos extraconjugais. Izabella Melo, professora de psicologia do CEUB, detalha os principais fatores que levam à traição e destaca como a terapia pode ser fundamental para reconstruir os laços afetivos abalados pela infidelidade. Segundo a pesquisa “Radiografia da infidelidade e Infiéis no Brasil”, 8 em cada 10 brasileiros já traíram seus parceiros em relacionamentos monogâmicos, evidenciando o impacto profundo desse comportamento nas relações.
Fatores que levam à infidelidade
A explicação para a traição envolve três grupos principais de fatores:
Fatores relacionais
Estes dizem respeito à dinâmica entre o casal e às interações estabelecidas ao longo do relacionamento. Contratos emocionais, regras e limites definidos influenciam diretamente na fidelidade. Problemas como insatisfação conjugal, críticas constantes, desdém mútuo, atitudes defensivas e falta de comunicação podem minar a satisfação dentro da relação e favorecer comportamentos infiéis.
Fatores intrapsíquicos
Referem-se aos aspectos internos individuais ligados ao histórico pessoal e psicológico. A teoria do apego de John Bowlby mostra que as experiências na infância moldam nosso modo de se relacionar na vida adulta. Estilos de apego seguros ou inseguros afetam percepções e comportamentos amorosos. Além disso, baixa autoestima e questões transgeracionais – valores ou padrões familiares herdados – também podem predispor alguém à traição.
Fatores situacionais
São circunstâncias externas que influenciam o casal no momento presente: estresse cotidiano, sobrecarga com filhos, isolamento social ou mesmo as mudanças culturais relacionadas à liberdade sexual contemporânea são exemplos relevantes. O fácil acesso às redes sociais e aplicativos para encontros facilita contatos extraconjugais, aumentando as chances da infidelidade ocorrer.
Impactos emocionais da infidelidade
Cada parceiro reage emocionalmente conforme sua história pessoal e contexto relacional:
- Pessoa traída: pode sentir dúvidas sobre seu valor pessoal; experimentar confusão mental; insegurança; raiva; ansiedade; tristeza profunda; vergonha.
- Pessoa que traiu: enfrenta reações intensas do parceiro traído além das possíveis consequências sociais decorrentes da exposição da traição.
Ambos precisam refletir sobre continuar juntos ou encerrar o relacionamento com base em seus valores pessoais.
O papel da terapia na reconstrução dos laços afetivos
A terapia tem como objetivo promover bem-estar emocional para ambos os envolvidos após uma crise causada pela infidelidade. Ela oferece um ambiente seguro onde sentimentos são acolhidos sem julgamentos nem críticas por parte do terapeuta. Esse espaço possibilita diálogo aberto para avaliar se há condições reais para seguir juntos ou se é melhor optar pelo término amigável.
É fundamental garantir segurança emocional durante todo processo terapêutico – especialmente evitando manter relações marcadas por violência ou incompatibilidade irreversível nos valores dos parceiros.
Desafios comuns no processo terapêutico pós-infidelidade
Entre os maiores obstáculos estão lidar com emoções intensas como insegurança profunda, ciúmes exacerbado, tristeza constante e sensação de desapontamento:
- A pessoa traída deve conseguir expressar suas emoções sem acusações diretas.
- Quem cometeu a traição precisa reconhecer honestamente a quebra da confiança.
- O casal deve trabalhar conjuntamente formas eficazes para fortalecer comunicação aberta.
- Promover momentos positivos ajuda na reconexão emocional entre ambos.
Etapas frequentes no tratamento terapêutico
O acompanhamento geralmente segue algumas fases essenciais:
- Acolhimento inicial: validação dos sentimentos manifestados pelos dois parceiros.
- Definição dos objetivos: seja reconstruir o vínculo afetivo ou conduzir um término respeitoso.
- Diálogo estruturado: sessões focadas em permitir expressão sincera das emoções envolvidas.
- Incentivo às experiências positivas: estímulo contínuo à melhoria comunicativa durante todo processo terapêutico visando restabelecer confiança mútua quando possível.
Contribuições da neurociência no tratamento
Compreender os mecanismos cerebrais relacionados ao controle das emoções ajuda terapeutas a desenvolver intervenções mais eficazes voltadas ao equilíbrio emocional dos casais em crise por causa da infidelidade – facilitando assim melhores resultados nas sessões clínicas através do aprimoramento das habilidades comunicativas entre parceiros.
Mudanças necessárias para reconstruir um relacionamento após uma traição
Para superar esse desafio é imprescindível investir em melhorias concretas dentro do convívio diário:
- Aperfeiçoar canais comunicativos;
- Estabelecer novas regras claras quanto aos limites aceitáveis;
- Promover reconexão tanto física quanto emocional;
- Trabalhar continuamente na restauração gradual mas firme da confiança recíproca;
- Revisitar frequentemente acordos firmados sobre fidelidade garantindo comprometimento real por ambas as partes.
Reconstruir um relacionamento após uma infidelidade exige esforço conjunto pautado pelo respeito mútuo aliado ao suporte profissional adequado.
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