O acervo do renomado fotojornalista Raimundo Soares Valentim agora faz parte oficialmente do Museu da Imagem e do Som do Amazonas (MISAM). São 100 fotografias históricas que registram momentos marcantes da trajetória pública dos ex-governadores Gilberto Mestrinho (falecido em 2009) e Amazonino Mendes (falecido em 2023).
A doação integra o projeto “Identificação e organização do acervo digital fotográfico do fotógrafo Raimundo Soares Valentim sobre o comportamento social e a presença pública dos ex-governadores do Amazonas, Amazonino Mendes e Gilberto Mestrinho”. O trabalho foi contemplado pelo Edital 01/2023 Audiovisual da Lei Paulo Gustavo, com apoio do Governo do Amazonas, Conselho Estadual de Cultura, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Ministério da Cultura e Governo Federal.
“Preservar um acervo pessoal é, antes de tudo, preservar a história que molda nossa identidade. O material reunido por Raimundo Valentim sobre os ex-governadores Amazonino Mendes e Gilberto Mestrinho vai além da memória política: ele imortaliza feitos que transformaram o Amazonas. Assim como os filmes de Silvino Santos se tornaram documentos fundamentais sobre a Amazônia, esse acervo fotográfico tem o poder de inspirar e ensinar gerações futuras. O MISAM se orgulha em abrigar esse legado, que agora está acessível ao público como uma referência viva da nossa trajetória cultural e institucional”, destaca o gerente do MISAM, Clóvis Neto.
O projeto foi idealizado e coordenado pela jornalista Tereza Teófilo, viúva de Valentim, e contou com curadoria e edição do fotojornalista Raphael Alves. O objetivo foi identificar, digitalizar e organizar imagens que mostram não só eventos oficiais, mas também momentos espontâneos e inusitados dos ex-governadores junto ao povo amazonense.
Registros revelam política feita nas ruas
Entre os destaques do acervo estão imagens como Gilberto Mestrinho pegando carona em uma moto em Lábrea e Amazonino Mendes sendo coroado rei durante uma caminhada no bairro Compensa, na zona oeste de Manaus. As fotos retratam uma época em que a política acontecia de perto, nas ruas, ouvindo diretamente a população.
“Durante os quase 20 anos que viveu em Manaus, Valentim foi fotógrafo e editor de fotografia dos ex-governadores em algumas campanhas eleitorais e teve o privilégio de vivenciar e registrar o cotidiano desses dois amazônidas, que tinham uma aproximação ímpar junto à população. Valentim amava fotografar e tinha uma característica única, que era valorizar a expressão de cada pessoa que passava por sua lente. Por inúmeras vezes, ouvi dele as histórias por trás das fotos. A geração atual desconhece a história desses ícones da nossa política e como eles se relacionavam com o povo. Poder disponibilizar esse material representa uma contribuição valiosa, e estou muito feliz de compartilhar parte dessa trajetória dele — uma profissão que ele exercia com amor, orgulho, satisfação e profundo profissionalismo”, afirma Tereza Teófilo.
“Em tempos em que o conteúdo digital domina as redes sociais, rever esse conteúdo é uma verdadeira viagem no tempo. Hoje, até a inteligência artificial é capaz de criar cenários fictícios, mas as fotografias de Valentim revelam a autenticidade de uma época em que o contato com o povo era muito genuíno”, complementa Tereza.
Legado reconhecido pela nova geração
Para o fotojornalista Raphael Alves, participar do projeto teve valor especial: “O Raimundo Valentim foi o meu primeiro editor e participou muito da formação do meu olhar e além de um amigo particular, ele foi um grande mentor pra mim e agora, eu estou tendo a oportunidade de editar um trabalho dele. Então várias coisas no campo do sentimento passam pela gente, e além disso é uma contribuição enorme para a história porque é um acervo que envolve duas figuras importantes para a história do nosso Estado, da nossa cidade e da região Norte do país. Representou muito pra mim poder participar, colaborar com o meu olhar, cruzando com o olhar do Raimundo Valentim mais uma vez”, diz Alves.
Valentim teve uma carreira destacada em grandes veículos nacionais e internacionais, como O Estado de São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil, Jornal O Dia, Agência Estado e Agência EFE. Em Manaus, foi editor de fotografia nos jornais A Crítica, Estado do Amazonas, Diário do Amazonas e Amazonas em Tempo, além de atuar no Tribunal de Justiça do Amazonas e na Prefeitura de Manaus. Ele faleceu em 2018, aos 62 anos.
O acervo agora estará disponível para consulta, pesquisa e ações educativas, ampliando o acesso do público a esse rico registro da história política e social do Amazonas.
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