quarta-feira, novembro 19, 2025
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PF prende ex-CEO do Master por fraude bilionária

Augusto Lima e Daniel Vorcaro são alvos de operação que apura um dos maiores esquemas financeiros envolvendo BRB e Master; caso expõe falhas graves no sistema bancário

A Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Operação Compliance Zero, que mira possíveis fraudes bilionárias no sistema bancário nacional. Entre os detidos está o empresário baiano Augusto Lima, ex-sócio e ex-presidente do Banco Master, apontado como um dos articuladores da criação de supostos títulos de crédito inexistentes usados para justificar uma circulação financeira de R$ 12,2 bilhões entre o Master e o Banco de Brasília (BRB). O banqueiro Daniel Vorcaro, principal acionista do Master, também foi preso.

Suspeita de créditos fictícios

Segundo a PF, o foco da operação é desmontar um possível esquema de “carteiras de crédito fabricadas”, ou seja, registros contábeis sem lastro real utilizados para acobertar movimentações de grande porte. Informações reveladas por veículos de imprensa mostram que cerca de 20 títulos falsos teriam sido elaborados por integrantes de alto escalão das duas instituições financeiras, baseando operações de valores vultosos hoje sob investigação.

Fontes ligadas ao caso confirmam que Augusto Lima figura entre os principais alvos apurados pela corporação.

Ascensão rápida no setor financeiro

Lima iniciou sua trajetória no mercado ao assumir, em 2018, a área financeira da antiga Ebal, da Bahia. Pouco depois, comandou a expansão nacional do Credcesta, voltado a servidores públicos. O produto foi incorporado pelo Banco Master em 2019, alçando Lima ao posto de CEO e sócio de Daniel Vorcaro.
Sob sua administração, o cartão-benefício ganhou escala nacional, mas a carteira de crédito consignado encolheu drasticamente — efeito de repasses contínuos da instituição para terceiros.

Do Master ao Banco Pleno

Em maio de 2024, Lima rompeu sociedade com Vorcaro, meses antes do anúncio de venda do Master ao BRB. Em seguida, assumiu o controle do antigo Banco Voiter, rebatizado de Banco Pleno, que recebeu autorização do Banco Central para voltar a operar em agosto de 2025.
O Pleno afirmou que não integra o grupo Master e que não está envolvido na investigação.

Vínculos políticos

Fora do universo bancário, Lima mantém relações políticas por ser casado com Flávia Peres, ex-deputada federal e ex-ministra do governo Jair Bolsonaro, o que ampliou sua atuação em Brasília.

Posicionamentos e silêncio das defesas

O Banco Pleno reforçou que segue “em plena conformidade regulatória” e que suas atividades permanecem estáveis. As equipes de comunicação do Master e de Vorcaro preferiram não se pronunciar. A defesa de Augusto Lima também não se manifestou até o momento.

Impacto no sistema financeiro

A operação reacende discussões sobre falhas de supervisão no mercado bancário, especialmente após a liquidação do Banco Master, que já pressiona o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). A PF segue cumprindo diligências e não descarta novas fases da investigação.

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