sexta-feira, julho 18, 2025
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Partidos ampliam base de filiados no AM na última década

Manaus (AM) – Sete partidos políticos registraram crescimento expressivo no número de filiados no Amazonas nos últimos anos, e o Podemos (PODE) desponta como líder absoluto, com 27.202 filiados em 2024. O levantamento foi feito pelo portal Em Tempo com base em dados atualizados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e mostra como o fortalecimento das legendas pode indicar estratégias em movimento para as eleições de 2026.

Entre os partidos analisados, o PODE, liderado atualmente pela deputada estadual Alessandra Campelo, teve o maior salto: saiu de apenas 2.028 filiados em 2010 para mais de 27 mil até as últimas eleições municipais (2024) — um aumento de mais de 1.200%. A curva de crescimento do partido se intensificou a partir de 2020 e teve sua maior alta entre 2022 e 2024, quando o número de novos filiados praticamente dobrou.

O segundo partido com maior número de filiados no estado é o PT (Partido dos Trabalhadores), que fechou 2024 com 24.733 filiados. A sigla também passou por uma fase de crescimento acelerado nos últimos ciclos eleitorais, sobretudo entre 2018 e 2024, período em que saltou de 12 mil para o dobro de integrantes registrados no estado. Hoje é comandada pelo deputado estadual Sinésio Campos, reeleito para mais uma gestão na última eleição interna do partido.

O Republicanos, comandado no Amazonas pelo deputado federal Silas Câmara, tem se consolidado como uma das siglas com maior base de filiados no estado. Segundo dados do TSE, o partido reúne atualmente 22.471 eleitores filiados. Entre 2010 e 2018, o crescimento foi discreto e constante, com o número de filiações passando de pouco mais de 2 mil para cerca de 4 mil. Esse período foi marcado por estabilidade e baixa expansão da legenda no cenário estadual.

A virada ocorreu entre 2018 e 2020, registrando um salto expressivo que ultrapassou 21 mil filiações. Desde então, os números permaneceram em patamar elevado e estável, com uma leve alta registrada em 2024. A evolução indica que o partido ampliou sua capilaridade política no Amazonas e deve entrar com força nas disputas eleitorais deste ano.

Já o PCdoB (Partido Comunista do Brasil), que mesmo enfrentando uma leve queda nos últimos anos, ainda conta com 18.613 filiados. O partido chegou a ter mais de 20 mil filiados entre 2014 e 2018, mas perdeu ritmo a partir de 2020, mantendo uma trajetória de desaceleração até os dados mais recentes.

Na última eleição municipal, o presidente estadual Eron Bezerra até tentou disputar uma candidatura a prefeito de Manaus, mas fracassou nas articulações, dando lugar para Marcelo Ramos ser o candidato oficial da federação Brasil da Esperança, composta pelo PT, PV e PCdoB.

Crescimento contínuo

Já o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) mostrou um crescimento contínuo, ainda que mais moderado. Em 2010, a legenda tinha 11.471 filiados no Amazonas e hoje soma 17.562, mantendo sua presença principalmente no interior do estado, onde ainda detém grande capilaridade política. A legenda é comandada no Amazonas pelo senador Eduardo Braga, que faz parte de um grupo político alinhado ao centro-direita, e que demonstra ganhar força com o passar dos anos.

Outro partido que garantiu destaque na última década é o Partido Renovação Democrática (PRD), que conta com 17.363 filiados. A legenda é resultado da fusão do Partido Trabalhista Brasileiro e do Patriota em 2022. Não há informações no TSE sobre a evolução deste, apenas que está entre os que possuem mais filiados até o momento.

Fechando a lista, está o União Brasil (UB), que reúne atualmente 16.740 filiados, segundo os dados do TSE. O partido nasceu da fusão entre DEM e PSL e teve crescimento relevante a partir de 2018. Em 2010, o número de filiados era de apenas 2.817, o que representa um crescimento de quase 500% em 14 anos.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, lidera o União Brasil no estado e tem ampliado sua influência política por meio de articulações estratégicas com outras legendas, como o Partido Progressistas, que recentemente se uniu ao UB em federação. Desde que assumiu a presidência estadual da sigla, Wilson tem consolidado o partido como uma das principais forças políticas do Amazonas. Segundo especialistas, sua habilidade de articulação e o bom trânsito com a executiva nacional do União têm projetado seu nome até mesmo como potencial quadro ministeriável em um futuro governo.

Análise política: o que representa esse crescimento

Para o cientista político Breno Rodrigo Leite, o crescimento no número de filiados pode, sim, refletir um fortalecimento eleitoral e estrutural das siglas. “A quantidade de filiados, somada à quantidade de militantes em geral, fortalece as estruturas partidárias. Em outras palavras, o dirigente partidário dispõe de maior capacidade para distribuir cargos públicos e conta com um corpo de militantes qualificados para atuar no processo eleitoral e na proposição de políticas públicas”, afirma.

No entanto, ele ressalta que o número isolado de filiações não garante um desempenho automático nas urnas.

“Frequentemente, os partidos acumulam um grande número de filiados, mas nem sempre promovem a qualificação adequada dessa massa, o que pode resultar em uma atuação menos coesa. Apesar disso, a quantidade de filiados continua sendo um instrumento relevante para a presença efetiva dos partidos na sociedade”, explica.

Segundo o especialista, os partidos políticos cumprem duas funções essenciais: uma função social, ao promover a politização da sociedade e qualificar-lhe em relação às referências políticas do cenário eleitoral, como ideologias, espectros políticos e doutrinas; e uma função de participação na organização do Estado, por meio dos processos eleitorais.

Número não é qualidade

Outro ponto destacado é o desafio de transformar filiados em militantes ativos. “Muitas vezes você tem um número específico de pessoas filiadas, mas essas pessoas não se revertem em militantes políticos. Um dos grandes desafios dos partidos hoje é justamente transformar esses filiados em militantes políticos, ou seja, pessoas engajadas, que participam das atividades do partido e têm uma efetiva atuação no processo eleitoral.”

Ele também lembra que a capilaridade desses militantes é crucial.

“São esses militantes que garantem a fiscalização da coisa pública, o engajamento nas campanhas, e que impulsionam as candidaturas majoritárias e proporcionais”, pontua.

Por fim, Leite analisa a relevância de partidos historicamente organizados, mesmo sem grande expressão eleitoral. “PT e PCdoB possuem uma força organizativa sofisticada, sobretudo em universidades, sindicatos e movimentos sociais. Ainda que tenham menos eleitos no Amazonas, são fundamentais nas campanhas majoritárias, como as eleições presidenciais, por sua base de militância espontânea e ativa”, conclui.

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