Duas das mais respeitadas organizações de direitos humanos sediadas em Israel, B’Tselem e Physicians for Human Rights (PHR), denunciaram que Israel comete genocídio contra os palestinos em Gaza. Nos relatórios publicados nesta segunda-feira (data não mencionada no original), os grupos afirmam que os ataques a civis palestinos são deliberados e baseados apenas em sua identidade.
“O que vemos é um ataque claro e intencional contra civis com o objetivo de destruir um grupo”, declarou Yuli Novak, diretora da B’Tselem, ao jornal The Guardian. “Acho que todo ser humano precisa se perguntar: ‘O que fazer diante de um genocídio?’”
Genocídio em Gaza: danos irreversíveis à sociedade palestina
As organizações descrevem, em detalhes, a morte de dezenas de milhares de mulheres, crianças e idosos, além do deslocamento forçado em massa. Os ataques também destruíram infraestrutura essencial como moradias, hospitais e escolas, privando os palestinos de assistência médica, educação e outros direitos básicos.
Para Yuli Novak, é essencial reconhecer que há um genocídio em andamento mesmo sem uma decisão formal da Corte Internacional de Justiça, que julga o caso apresentado pela África do Sul e ao qual Israel se opôs.
“Genocídio não é apenas um crime legal. É um fenômeno social e político”, acrescentou Novak.
PHR detalha colapso do sistema de saúde de Gaza
O relatório da Physicians for Human Rights apresenta uma cronologia do ataque sistemático à saúde pública em Gaza. O grupo documentou os eventos por meio de sua equipe médica, que atuava na região antes de 7 de outubro de 2023.
“A destruição do sistema de saúde por si só torna a guerra genocida”, disse Guy Shalev, diretor da PHR. Ele se baseia no artigo 2c da Convenção sobre Genocídio, que proíbe impor condições de vida deliberadas para destruir um grupo.
Shalev destacou que não é necessário que todos os cinco critérios da convenção sejam preenchidos para que uma situação seja considerada genocídio. Segundo ele, os EUA e os países europeus têm obrigação legal de intervir com mais firmeza.
“Todas as ferramentas disponíveis devem ser utilizadas. Não é isso que pensamos, é isso que a Convenção sobre Genocídio exige”, afirmou.
Tanto a B’Tselem quanto a PHR acusam os aliados ocidentais de Israel de viabilizar o genocídio. Para as organizações, esses governos compartilham a responsabilidade pelo sofrimento da população de Gaza.
“Isso não poderia acontecer sem o apoio do mundo ocidental”, declarou Novak. “Qualquer líder que não esteja fazendo o possível para impedir isso é parte desse horror”.
Israel nega as acusações e afirma que sua ofensiva militar em Gaza é uma resposta aos ataques terroristas do Hamas, ocorridos em 7 de outubro de 2023. Na ocasião, 1.200 pessoas foram mortas, a maioria civis, e 251 foram feitas reféns — com cerca de 20 ainda vivas, segundo estimativas.
Os documentos destacam que a intenção genocida pode ser inferida pelo padrão de conduta, mesmo sem ordens diretas documentadas. A PHR cita precedentes do Tribunal Penal Internacional para Ruanda para sustentar sua argumentação.
“O regime israelense agora tem uma nova ferramenta que não usava antes: o genocídio”, concluiu Novak. “E o fato de essa ferramenta ou essa política usada em Gaza ainda não ser [implementada] em outras áreas não é algo com que possamos contar por muito tempo”.
(*) Com informações do O GLOBO
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