O Coletivo do Pirarucu, reunindo organizações manejadoras e de apoio técnico da Amazônia, enviou uma carta aberta aos órgãos federais e suas superintendências regionais solicitando ações emergenciais para enfrentar os prejuízos causados pelo segundo ano consecutivo de eventos climáticos extremos. A região do Amazonas enfrenta uma seca histórica que afeta diretamente o volume dos rios, comprometendo o transporte, a segurança alimentar e atividades econômicas essenciais como o manejo sustentável do pirarucu.
Impactos da seca no Amazonas
A baixa nos níveis dos principais rios amazônicos tem provocado um efeito dominó na região.O Rio Negro, por exemplo, apresentou um fenômeno conhecido como “repiquete”, com queda superior a 20 centímetros em apenas quatro dias. essa redução drástica no volume das águas prejudica não só o abastecimento das cidades e o transporte fluvial, mas também compromete ecossistemas frágeis e a subsistência das comunidades locais.
Consequências socioeconômicas
Os 62 municípios do estado decretaram situação de emergência devido à estiagem prolongada que atinge cerca de 186 mil famílias,conforme dados oficiais do governo estadual. Segundo informações do Ibama,durante a seca extrema em 2023 os manejadores deixaram de pescar aproximadamente 30% da cota autorizada,resultando em perdas financeiras estimadas em cerca de 10 milhões de reais. Para as populações indígenas e ribeirinhas que dependem diretamente dos recursos naturais para sua sobrevivência econômica e cultural, essa crise representa um desafio sem precedentes.
Prejuízos culturais para comunidades tradicionais
Além dos impactos econômicos evidentes, a carta destaca os danos culturais sofridos pelas populações indígenas e ribeirinhas da Amazônia. Os rios são mais que fontes hídricas; são elementos centrais na formação das identidades locais,moldando tradições ancestrais e modos de vida sustentáveis ao longo das gerações.
Principais reivindicações apresentadas pelo Coletivo
Na correspondência enviada aos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Pesca e Aquicultura; além do Ibama, as organizações pedem medidas específicas para mitigar os efeitos da crise:
- Prorrogação até 31 de janeiro de 2025 dos prazos para pesca tanto do pirarucu quanto do aruanã;
- Extensão até 1º maio de 2025 para entrega dos relatórios técnicos anuais referentes ao manejo;
- Inclusão oficial do manejo sustentável do pirarucu nos programas rurais de seguro agrícola previstos no Plano Safra;
- Implementação imediata de ações emergenciais voltadas aos pescadores afetados pela seca severa;
- Desenvolvimento conjunto com lideranças locais e instituições técnicas um plano climático emergencial capaz de reduzir os impactos futuros decorrentes desses eventos extremos.
Desafios climáticos globais refletem na Amazônia
Estudos recentes indicam projeção global preocupante: até 2050 pode haver queda média próxima a 19% na renda mundial devido às mudanças climáticas. Para as comunidades tradicionais amazônicas essa realidade é ainda mais urgente diante da dependência direta dos recursos naturais ameaçados pela estiagem prolongada.
A carta reforça que esta crise exige respostas rápidas não apenas para garantir a continuidade econômica por meio da pesca sustentável mas também proteger direitos territoriais tradicionais assim como preservar a biodiversidade única dessa região vital ao planeta.
Conclui-se que somente com cooperação entre governos federais, organizações sociais locais e apoio técnico será possível construir soluções eficazes frente à crescente vulnerabilidade causada pelos eventos climáticos extremos no Amazonas.
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