Artista visual dos povos Apurinã e Kamadeni, do Amazonas, Sãnipã está em Porto Alegre até sexta-feira (29) para realizar uma intervenção artística inédita na parede de entrada do Instituto Ling.A obra pode ser acompanhada gratuitamente pelo público que visita o centro cultural.
Intervenção artística inédita no Instituto Ling
De segunda a sexta-feira, das 10h30 às 20h, quem passar pelo Centro Cultural poderá observar em tempo real a criação do mural feito por Sãnipã.A artista indígena utiliza técnicas que refletem as tradições e narrativas dos povos Apurinã e Kamadeni,abordando temas como identidade,ancestralidade e meio ambiente. O trabalho expressa sua profunda conexão com a natureza e o universo mitológico de seu povo por meio de uma estética marcada por cores vibrantes e formas orgânicas.
Detalhes da obra
O mural terá dimensões aproximadas de 6 metros de largura por quase 3 metros de altura. Nele, Sãnipã retrata o mito da figura chamada Sãnyky – ”Rainha da Floresta” na língua Apurinã - que simboliza a proteção dos animais e rios diante das ameaças ambientais recentes na Amazônia. Segundo a artista: “A seca que atingiu o Amazonas fez ela surgir para nós do Povo Apurinã. Ela vem para manter os animais vivos e os rios também.”
Projeto Ling Apresenta: Amazônias,no tremor das vidas
Esta intervenção faz parte do projeto Ling Apresenta: Amazônias,no tremor das vidas,iniciativa que busca aproximar o Rio Grande do sul da cultura amazônica ao convidar jovens talentos do Norte para desenvolverem trabalhos artísticos no centro cultural em Porto Alegre.
Programação complementar
após a conclusão da obra, haverá um bate-papo aberto ao público no sábado (30), às 11h.A conversa será entre Sãnipã e Vânia Leal Machado - curadora responsável pelo projeto – que comentará sobre as inspirações da artista durante sua estadia na capital gaúcha. Para participar é necessário realizar inscrição gratuita pelo site oficial do Instituto Ling.
Segundo Vânia Leal, “o projeto é um disparador para ampliar perspectivas plurais sobre interculturalidade”, destacando como artistas amazônicos trazem novas compreensões sobre os desafios ambientais e culturais enfrentados pela região.
Sobre a artista indígena Sãnipã
Sãnipã tem ganhado destaque nacionalmente com exposições importantes tanto no Brasil quanto internacionalmente. Foi premiada na 15ª Bienal Naïfs do Brasil com sua obra Totem Apurinã Kamadeni adquirida pelo Acervo Sesc – tornando-se assim a primeira mulher indígena amazonense presente nessa coleção.
Entre suas principais exposições estão Nipetirã – O Sopro Tribal sobre Outros Olhares (Galeria do Largo), Amazônia Sou Eu! (nova Iorque) e Dança sagrada do Povo Apurinã (Museu Amazônico). Em 2020 participou da coletiva Histórias da Dança organizada pelo MASP com sua obra Dança e Mito (2008). Recentemente esteve presente também na primeira Bienal das Amazônias realizada em Belém em 2023.
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