Os efeitos da estiagem cada vez mais severa se estendem desde a economia até a saúde pública e os ecossistemas. As mudanças climáticas, agravadas pelo desmatamento e queimadas, têm alterado o regime hídrico dos rios na Amazônia, provocando secas mais intensas em intervalos menores de tempo. Em Manaus, por exemplo, o Rio Negro atingiu níveis históricos críticos em 2023 e 2024, com profundidades que não eram registradas há mais de um século. Essa situação impacta diretamente o abastecimento de água potável, a saúde pública e os sistemas ambientais da região.
Impactos da estiagem na economia e saúde pública
A escassez hídrica causada pela seca prolongada afeta diversos setores essenciais.Entre os principais problemas está a redução do acesso à água potável, que compromete tanto a qualidade de vida quanto a saúde das populações locais. Além disso, essa falta d’água dificulta o tratamento adequado de água e esgoto, aumentando riscos sanitários para as comunidades e prejudicando o meio ambiente.
Desafios no tratamento de água
Com menos recursos hídricos disponíveis para captação, as estações responsáveis pelo tratamento enfrentam dificuldades operacionais que podem comprometer sua eficiência. Isso exige adaptações nos sistemas existentes para garantir que a água distribuída continue segura para consumo.
abastecimento em Manaus diante das secas históricas
Apesar dos níveis críticos do Rio negro registrados recentemente – 14,75 metros em 2023 e uma queda ainda maior para 12,11 metros em 2024 – Manaus não sofreu interrupção no fornecimento de água à população. A empresa Águas de Manaus investiu antecipadamente em tecnologias específicas para enfrentar essas condições adversas.
Medidas adotadas pela Águas de Manaus
Segundo Lineu Machado, gerente operacional da empresa responsável pelo abastecimento local, foram instalados equipamentos modernos como bombas anfíbias adequadas para captação com baixa lâmina d’água e sistemas elétricos atualizados para garantir operação contínua durante períodos críticos.Além disso, há monitoramento constante da qualidade da água distribuída conforme normas regulatórias.
Mudanças no Rio Negro exigem adaptação
O gerente destaca também alterações nas características físicas do rio: “O Rio Negro não está mais tão negro; está ficando marrom”, explica Machado. Essa mudança obrigou ajustes nos processos tradicionais do tratamento para manter padrões adequados diante dessa nova realidade ambiental.
Mudanças climáticas: causas humanas e consequências regionais
A principal causa das mudanças climáticas é atribuída às atividades humanas ao longo dos últimos séculos – especialmente à queima intensiva de combustíveis fósseis nas indústrias energética, agrícola e transportes – elevando significativamente os gases do efeito estufa na atmosfera.
O papel do desmatamento na ampliação das secas
Além disso, o desmatamento acelerado na Amazônia agrava ainda mais esse cenário crítico ao reduzir drasticamente a capacidade da floresta atuar como “bomba d’água”. A transpiração das árvores devolve grande parte da umidade ao ar atmosférico formando ciclos pluviométricos essenciais não só localmente mas também em regiões distantes.
“Estamos levando essa floresta ao ponto possivelmente irreversível”, alerta Muriel Saragoussi, socioambientalista especialista no tema.
Adaptações necessárias frente aos desafios hídricos
Manaus tem buscado implementar projetos voltados à adaptação às novas condições impostas pelas mudanças climáticas visando assegurar o abastecimento mesmo diante das secas severas consecutivas observadas nos últimos anos.
Investimentos tecnológicos estratégicos
De acordo com Lineu Machado, novos conjuntos anfíbios estão sendo planejados para ampliar ainda mais a capacidade operacional durante períodos críticos futuros previstos pelos modelos climáticos atuais. Ele reforça: “Não sentimos falta d’água porque estamos preparados”.
Agenda global por adaptação sustentável
para além do âmbito municipal, especialistas como Carlos Durigan defendem uma agenda ampla focada na conservação ambiental, produção sustentável, proteção social às populações vulneráveis alémde planos emergenciais eficazes contra eventos extremos.
Participação comunitária essencial na defesa dos recursos hídricos
As secas extremas evidenciam também a importância fundamental da mobilização social. Projetos como o Programa Afluentes promovem integração entre empresas responsáveis pelo saneamento básicoe comunidades locais, fortalecendo comunicação direta com lideranças comunitárias.
Semy Ferraz,gerente social da Águas de Manaus, destaca ações pioneiras voltadas à solução prática dos problemas enfrentados pelas áreas carentes. Além disso, iniciativas educacionais oferecem capacitação profissional relacionada ao saneamento básico, ampliando conhecimento sobre todo processo necessário até chegar água tratada nas residências.
A escassez crescente impõe desafios complexos que demandam respostas integradas envolvendo tecnologia avançada, políticas públicas eficazese engajamento comunitário ativo. Somente assim será possível minimizar impactos negativos sobre economia local,e preservar saúde pública bem como ecossistemas vitais.*
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