terça-feira, setembro 23, 2025
InícioAmazonasEsporteNotícias do Amazonas - Queimadas de 2024: Comunidades Amazônicas Sofrem com Fumaça

Notícias do Amazonas – Queimadas de 2024: Comunidades Amazônicas Sofrem com Fumaça

Pequenos vilarejos, comunidades rurais, territórios indígenas e quilombolas da Amazônia registraram níveis de poluição do ar muito acima dos limites seguros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a temporada de queimadas em 2024.Em Demarcação, distrito de porto Velho (RO), a fumaça intensa dificultou a travessia do rio Jiparaná e colocou 843 ribeirinhos em situação crítica, com idosos enfrentando dificuldades para respirar e crianças adoecendo. A análise feita pela série “Invisíveis da Fumaça”, uma parceria entre infoamazonia e outras organizações locais, revela o impacto severo das queimadas na saúde e no cotidiano dessas populações.

Poluição do Ar na Amazônia: Monitoramento Insuficiente nas Áreas Rurais

Apesar do aumento significativo da poluição causada pelas queimadas na região amazônica, poucas áreas rurais dispõem de estações fixas para monitorar a qualidade do ar. Sensores instalados em algumas cidades captam dados sobre material particulado fino (PM2.5), mas as comunidades mais isoladas permanecem invisíveis aos registros oficiais devido à falta de infraestrutura como energia elétrica estável e internet confiável.

A série “Invisíveis da Fumaça” utilizou dados do serviço Copernicus (CAMS) do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas para mapear as concentrações de PM2.5 na Amazônia Legal ao longo dos meses críticos em 2024. O material particulado fino é um poluente que pode penetrar profundamente nos pulmões e até alcançar a corrente sanguínea, causando sérios riscos à saúde.

Comunidades Indígenas e Ribeirinhas: As mais Vulneráveis

Ao cruzar os índices de PM2.5 com dados censitários do IBGE, foi possível identificar que territórios indígenas e quilombolas foram os mais afetados pela fumaça das queimadas. Essas populações não possuem infraestrutura tecnológica adequada para monitoramento ambiental nem acesso facilitado aos serviços públicos essenciais, ficando marginalizadas no debate público sobre o problema.

Impactos Diretos nas Comunidades: O Caso Crítico de Demarcação

Entre julho e dezembro de 2024, o distrito rural Demarcação enfrentou uma média diária alarmante de 55,4 µg/m³ – quase três vezes acima dos 15 µg/m³ recomendados pela OMS como limite seguro para PM2.5. Durante agosto – auge das queimadas – essa média chegou a impressionantes 151 µg/m³, ultrapassando o limite seguro em mais de 900%.

Os efeitos foram sentidos diretamente pelos moradores locais: José de Souza, agricultor com 79 anos relata sintomas como falta de ar constante, dor no peito e irritação na garganta causados pelo intenso contato com a fumaça tóxica das queimadas recentes.

Consequências Sociais e Sanitárias

Além dos problemas respiratórios graves entre idosos e crianças – grupos especialmente vulneráveis – as condições precárias dificultaram ainda mais o acesso ao atendimento médico devido à impossibilidade física dos moradores atravessarem rios cobertos por fumaça densa rumo às cidades vizinhas como Porto Velho.

A educação também foi impactada negativamente; escolas ficaram fechadas por cerca três meses enquanto durou o período crítico das queimadas na região.

Queimadas nas Terras Indígenas: A Situação Alarmante da Terra Kaxarari

Na Terra Indígena Kaxarari (Lábrea-AM), os níveis médios diários chegaram a ultrapassar 100 µg/m³ durante agosto/setembro; valores máximos atingiram até 264 µg/m³, ou seja quase dezesseis vezes acima do recomendado pela OMS.

O cacique Manoel Kaxarari junto à vice-cacica Raimunda relataram que viver sob essas condições tornou-se insustentável devido à combinação entre calor extremo provocado pelo fogo ativo nas florestas próximas somado ao ar irrespirável tomado apenas por fumaça densa sem oxigênio suficiente para respirar adequadamente.

A Fronteira Crítica Entre amazonas Rondônia E Mato Grosso

Agosto é tradicionalmente mês crítico para incêndios florestais na Amazônia Legal; neste ano houve concentração maior justamente nessa tríplice fronteira onde expansão agropecuária avançou sobre áreas já desmatadas anteriormente facilitando propagação rápida dos focos ativos segundo especialistas ambientais consultados nesta reportagem.

Falta De Apoio Governamental Agrava crise Nas Comunidades Locais

Além dos impactos ambientais diretos causados pelas queimadas históricas deste ano no Amazonas legal , as comunidades indígenas sofrem também com escassez crônica recursos públicos destinados à saúde básica . O Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus recebeu apenas cerca 1 ,7% orçamento nacional previsto , evidenciando negligência institucional diante dessa emergência humanitária .

Enquanto isso , persistem dificuldades estruturais relacionadas ao transporte , atendimento médico precário , ausência equipamentos adequados contra incêndios florestais além da invisibilidade política dessas populações tradicionais .


As consequências devastadoras provocam sofrimento físico imediato aliado às perdas sociais profundas . É urgente ampliar políticas públicas eficazes voltadas tanto ao combate preventivo quanto assistência emergencial nessas regiões vulneráveis .

Acompanhe as atualizações desta matéria e outras reportagens relevantes no Portal Notícias do Amazonas e fique sempre bem informado com as notícias de Manaus e região!

ARTIGOS RELACIONADOS

Mais populares