sábado, outubro 25, 2025
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Notícias do Amazonas – Prematuridade atinge níveis alarmantes na Região Norte

No Brasil,a taxa de nascimentos prematuros é de aproximadamente 12%,superando a média global. Em 2023, essa realidade se agravou na Região Norte, onde cerca de 35 mil bebês nasceram antes do tempo previsto, representando uma taxa de 12,61%, a mais alta entre as regiões brasileiras. Estados como Roraima, Acre e Amapá apresentam índices ainda mais preocupantes, com Roraima registrando mais de 18% dos partos prematuros. O pará também está acima da média nacional, ocupando o oitavo lugar no país com 12,45% desses casos.

Desafios Sociais e Geográficos na Região Norte

A professora Aurimery Chermont, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), destaca que o problema dos nascimentos prematuros na região é antigo e multifatorial. Entre os principais fatores estão as dificuldades geográficas e sociais somadas à insuficiência da rede básica de saúde.

Falta de Educação Sexual e Pré-Natal

Segundo Aurimery Chermont, muitas pessoas em idade fértil não recebem educação sexual adequada para evitar gestações indesejadas nem informações sobre a importância do pré-natal. As condições sanitárias precárias e a alimentação inadequada em comunidades carentes ou isoladas agravam ainda mais o quadro.

A professora ressalta que “o maior problema é a falta de educação para prevenção”, especialmente entre gestantes jovens que deixam de fazer pré-natal por ignorância ou pela ausência dos exames necessários nas unidades básicas. Além disso, dificuldades logísticas – como morar em palafitas acessíveis apenas por barco – impedem o acesso regular ao atendimento médico.Muitas vezes as gestantes chegam às unidades com problemas identificados mas sem medicação disponível para continuidade do tratamento.

Perfil das Gestantes Jovens e Condições Socioeconômicas

As estatísticas confirmam essas observações: em 2023 foram registrados mais de 55 mil partos na Região norte por pessoas com até 19 anos – equivalente a 19% dos nascimentos locais – bem acima da média nacional que é 12%. Isso significa que uma em cada cinco gestantes era menor ou recém-completara 18 anos ao engravidar.

Além disso, essa região apresenta os piores indicadores nacionais quanto à infraestrutura domiciliar: tem a menor proporção das residências com esgotamento sanitário adequado e abastecimento regular de água potável. Cerca de 30% da população vive sob insegurança alimentar no último ano analisado.

Investimentos Públicos para Reduzir Prematuridade

Aline Hennemann,assessora técnica da Coordenação-Geral de Atenção à Saúde das Crianças no Ministério da Saúde reforça que os altos índices têm origem socioeconômica profunda e defende o pré-natal como principal ferramenta preventiva disponível no sistema público.

Qualidade do Pré-Natal

Ela enfatiza que não basta cumprir um número mínimo obrigatório (sete consultas), mas sim garantir qualidade integral nesse acompanhamento: “a mulher precisa ser vista integralmente”, considerando seu contexto social (ecomapa) e familiar (genograma), além das possíveis doenças associadas ao parto prematuro.

Rede Alyne: Estratégia Promissora

Lançada pelo Ministério em setembro passado, a Rede Alyne visa qualificar o pré-natal nos estados brasileiros através do aumento significativo nos recursos financeiros destinados aos exames preconizados atualmente para todas as regiões. Em 2024 foram investidos cerca de R$400 milhões nessa iniciativa; espera-se alcançar R$1 bilhão até 2025.

O programa também financia ambulatórios especializados para bebês vindos das UTIs neonatais – maioria deles prematuros -, ampliando suporte pós-alta hospitalar essencial para sua sobrevivência saudável.

Enfrentamento das Desigualdades Regionais

Hennemann destaca ainda os esforços focados na melhoria do atendimento às gestantes indígenas e comunidades tradicionais presentes principalmente na Região Norte:

  • A seca prolongada dificulta transportes fluviais essenciais.
  • O transporte terrestre aumenta significativamente tempos até postos médicos.
  • Capacitação contínua dos profissionais locais – enfermeiros, médicos gerais selecionados pelo programa Mais Médicos -, agentes indígenas e comunitários visa melhorar diagnósticos precoces diretamente nos territórios remotos.

Um exemplo crítico dessa situação foi observado na Terra Indígena Yanomami (Amazonas/Roraima), onde crises graves relacionadas à desnutrição infantil iniciaram-se já durante gestações complicadas por falta assistência adequada provocando muitos partos prematuros naquela população vulnerável.


Os desafios enfrentados pela Região norte exigem atenção urgente tanto governamental quanto social para reduzir os índices alarmantes relacionados aos nascimentos antes do tempo previsto. Investimentos estratégicos como os realizados pela Rede Alyne são passos importantes rumo à melhoria efetiva dessas condições críticas.

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