O Ministério Público do Amazonas (MPAM) deflagrou a operação “Face Oculta” na última sexta-feira (3), que resultou na prisão do vereador de Manaus Rosinaldo Bual (Agir) e na descoberta de um esquema de rachadinha envolvendo cerca de 50 servidores comissionados da Câmara Municipal. Durante a ação, foram apreendidos cofres, armas, dinheiro em espécie e cheques no valor total de R$ 500 mil. Além disso, houve o bloqueio judicial de R$ 2,5 milhões em bens do parlamentar.
Detalhes da operação “Face Oculta”
A ação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que cumpriu 17 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva, incluindo a chefe de gabinete do vereador. Segundo o promotor Leonardo Tupinambá, diretor do Gaeco, o esquema consistia no desvio sistemático dos salários pagos aos servidores comissionados.
Funcionamento do esquema
De acordo com as investigações, Rosinaldo Bual mantinha uma alta rotatividade entre os funcionários contratados pelo gabinete. Cerca de 50 servidores devolviam parte dos seus salários, que eram repassados por quatro ou cinco pessoas da equipe antes de retornarem ao parlamentar como benefício direto.
Itens apreendidos
Durante a operação foram encontrados:
- Dois cheques no valor total de R$ 500 mil em nome dos investigados;
- Uma grande quantia em dinheiro vivo que precisou ser contada com máquinas bancárias;
- Pelo menos três cofres localizados em diferentes endereços ligados ao vereador;
- Uma arma registrada para uso permitido; sua posse irregular gerou flagrante.
O promotor Tupinambá explicou que os valores estão sendo contabilizados seguindo toda a cadeia custódia para posterior depósito judicial.
Investigação e envolvimento da chefe de gabinete
A investigação não teve início após a prisão recente do ex-assessor acusado por roubo à residência do vereador. Conforme esclarecido pelo diretor do Gaeco, denúncias anteriores já colocavam Bual sob suspeita há algum tempo.
Papel da chefe de gabinete
A chefe da equipe também foi presa durante a operação e é apontada como uma das principais responsáveis pela organização dos repasses ilegais dentro desse esquema criminoso. Ela cuidava tanto da coleta quanto da redistribuição dos valores desviados pelos servidores envolvidos.O nome dela permanece sob sigilo devido ao segredo judicial imposto à investigação.
Crimes apurados e desdobramentos legais
O Ministério Público investiga os seguintes crimes relacionados à atuação ilícita:
- Peculato: desvio indevido dos recursos públicos;
- Concussão: obtenção ilegal vantagem financeira por servidor público;
- Organização criminosa: estruturação para prática continuada das fraudes;
- Lavagem dinheiro: ocultação ou dissimulação das origens ilícitas dos valores desviados.
Tupinambá informou ainda que a denúncia formal deve ser apresentada nas próximas semanas respeitando os prazos legais previstos no Código processo Penal.
Esclarecimentos sobre crimes eleitorais e outros parlamentares
Durante coletiva à imprensa, o promotor respondeu questionamentos sobre possíveis ligações entre o esquema investigado e crimes eleitorais envolvendo assessores presos por compra votos nas últimas eleições municipais. Ele ressaltou que essa parte cabe exclusivamente à Justiça Eleitoral apurar:
“Não atuamos diretamente nos crimes eleitorais mas não posso afirmar se o dinheiro desviado tenha sido utilizado para esse fim.”
Além disso, negou qualquer envolvimento ou investigação contra outros vereadores além daquele alvo principal desta operação:
“No momento atual as investigações concentram-se exclusivamente no vereador Rosinaldo Bual sem indícios contra demais parlamentares.”
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