Na abertura da Assembleia-Geral da organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos e alertou para o crescimento do autoritarismo no mundo. Em seu discurso, realizado em Nova York, Lula destacou a crise do multilateralismo e a ameaça à democracia global, ressaltando que o Brasil permanece firme na defesa de sua democracia mesmo diante de pressões externas.
Crise do multilateralismo e avanço do autoritarismo
Lula afirmou que o multilateralismo enfrenta uma nova encruzilhada, com a autoridade da ONU sendo questionada. Segundo ele, há uma consolidação de uma desordem internacional caracterizada por concessões à política do poder, ataques à soberania dos países e sanções arbitrárias. “Intervenções unilaterais estão se tornando regra”, enfatizou.
O presidente também apontou um paralelo claro entre essa crise no sistema internacional e o enfraquecimento das democracias. Para ele, o autoritarismo cresce quando a comunidade internacional se omite diante das arbitrariedades. “Quando vacilamos na defesa da paz, soberania e direito, as consequências são trágicas”, alertou.
Além disso, Lula denunciou que forças antidemocráticas ao redor do mundo tentam sufocar instituições democráticas e restringir liberdades fundamentais. Essas forças promovem violência, ignorância e atuam como milícias físicas ou digitais para cercear a imprensa livre.
Sanções econômicas dos EUA contra o Brasil
No discurso,Lula criticou diretamente as medidas econômicas adotadas pelo governo norte-americano durante a gestão Donald Trump contra produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos – uma tarifa de 50% foi imposta aos itens nacionais. Ele também condenou tentativas de interferência no Judiciário brasileiro.Em julho deste ano, os EUA aplicaram a chamada Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes – relator no Supremo Tribunal Federal (STF) responsável por processos relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro – numa tentativa clara de pressionar para evitar sua condenação por tentativa de golpe de Estado.A Lei Magnitsky permite aos Estados Unidos punir unilateralmente supostos violadores dos direitos humanos fora do país bloqueando bens ou empresas vinculadas aos alvos dessas sanções em território americano.Além disso, diversos ministros do STF tiveram seus vistos cancelados pelo governo norte-americano: Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Flavio Dino Cristiano Zanin Dias toffoli Luis Roberto Barroso e Edson Fachin foram alguns deles afetados pelas restrições migratórias recentes.
Na última segunda-feira (22), os EUA anunciaram ainda sanções contra Viviane Barci de Moraes – advogada esposa do ministro Alexandre de Moraes – medida que gerou forte reação oficial brasileira com declarações sobre profunda indignação nacional reforçando que “o país não se curvará” diante dessa agressão adicional.
Defesa da democracia brasileira
Apesar desses ataques sem precedentes vindos principalmente dos Estados unidos nos últimos meses Lula reafirmou que o Brasil escolheu resistir firmemente para proteger sua democracia, conquistada há quatro décadas após longos anos sob regimes ditatoriais militares. O compromisso com instituições democráticas é um pilar inegociável para o país frente às pressões externas atuais.
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