sexta-feira, dezembro 5, 2025
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Notícias do Amazonas – Levantamento revela que 62% da exploração madeireira é ilegal

Dos 68 ⁢mil hectares explorados para extração‌ de madeira no Amazonas entre agosto⁤ de 2023⁣ e julho de 2024, 42 mil hectares foram utilizados sem autorização dos órgãos⁢ ambientais, conforme levantamento divulgado pelo ​instituto Imazon. Isso representa que 62% da área com retirada ⁤de madeira no estado​ é ⁣ilegal. A pesquisa, ⁤realizada anualmente pela Rede Simex – formada​ pelo ICV, Imaflora e Imazon – utilizou imagens ‍de satélite para mapear a atividade madeireira e cruzar os ⁤dados com as autorizações oficiais.

Exploração‍ madeireira no Amazonas: aumento da ilegalidade

Comparado ao período anterior (agosto de⁢ 2022 a julho de⁤ 2023),⁤ quando​ foram registrados 38 ⁢mil hectares explorados ​irregularmente, houve um crescimento de 9%⁢ na área com retirada ilegal. Segundo Camila Damasceno, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do⁣ Imazon, ⁢esse​ avanço é preocupante porque a exploração clandestina financia outros crimes ambientais como queimadas e desmatamento.

Além disso,⁣ ela destaca que essa prática prejudica o mercado legalizado que atua por meio do manejo florestal ⁢sustentável, ‌gerando empregos e impostos para o estado. Por outro lado,‌ a exploração autorizada‍ cresceu significativamente: passou ⁣de 11,3 mil hectares para 26,1 mil⁣ hectares, um ​aumento superior a 130%.

Municípios com ⁣maior concentração da exploração ilegal

Dois municípios localizados na região ​sul do Amazonas​ concentram cerca⁣ de 75% da extração irregular: Boca do Acre⁤ lidera o ranking com 20,5 mil hectares‍ ilegais, seguido por Lábrea com aproximadamente 10,9 mil hectares. Essas áreas fazem parte da região ​conhecida como Amacro – uma zona​ em expansão agropecuária na divisa⁣ entre Amazonas, Acre e Rondônia.

Camila alerta que essa ⁤extração pode ser indicativa ‍do desmatamento futuro voltado⁢ à grilagem ou à produção agropecuária ‍intensiva ‍como cultivo agrícola⁤ ou pecuária​ bovina. Por isso reforça a necessidade urgente de ampliar a fiscalização nesses municípios ‌para impedir o ingresso desses produtos ilegais no mercado formal.

Impacto nas terras protegidas

A ⁣pesquisa também revelou que cerca de 13% da madeira retirada irregularmente (5,6 mil hectares) ⁤ocorreu dentro das áreas protegidas do estado⁤ – incluindo terras indígenas (9%,ou ⁢3,9 mil ⁣hectares) e unidades de conservação⁢ (4%,equivalentes a 1,6 mil ​hectares). Embora ⁣tenha⁣ havido uma redução aproximada⁤ de 19% ‍nessa⁤ atividade em relação ao estudo anterior (quando foram ​mapeados quase sete mil hectares), ainda assim essa retirada equivale à ⁣área superior a‍ cinco mil campos oficiais futebol dentro dessas zonas protegidas.

A‌ entrada ilegal nessas regiões ameaça diretamente as⁢ comunidades tradicionais que dependem das florestas preservadas para sua sobrevivência física e cultural. Além dos impactos ambientais relacionados às emissões ⁢decorrentes dessa‍ degradação florestal ‍- como perda significativa da biodiversidade -, há também conflitos sociais associados à ​presença dos invasores nessas áreas sensíveis.

Imóveis rurais irregulares e​ florestas públicas não destinadas

Outro dado relevante apontado pelo levantamento é que imóveis rurais cadastrados em bancos públicos⁤ como Cadastro Ambiental Rural​ (CAR), sistema Nacional Fundiário (Sigef)‌ e Programa Terra Legal são responsáveis por cerca de 77% ⁢das áreas irregulares, totalizando mais de trinta dois ⁢milhares hectare sob exploração‍ clandestina. Isso indica ​que‍ os órgãos públicos dispõem das informações necessárias para ​fiscalizar essas‌ propriedades irregulares.

Além ‌disso está em destaque o uso indevido das ⁤chamadas Florestas Públicas Não ​Destinadas⁣ (FPNDs), somando⁢ aproximadamente três milhares trezentos hectare explorados sem ⁢autorização formal – correspondendo a⁢ quase oito por cento desse cenário irregular totalizado⁢ no​ estado. As FPNDs⁤ são territórios públicos cuja destinação oficial ainda não foi definida‌ nem como ⁣unidade conservacionista nem terra indígena.

O ‌instituto ‌reforça ser ⁣urgente definir esses espaços oficialmente destinando-os às comunidades tradicionais ou à conservação ambiental⁣ visando proteger esse patrimônio público basic aos amazonenses e brasileiros em ⁣geral.

Conclusão

O avanço significativo na exploração madeireira autorizada mostra​ potencial positivo quando ⁣realizado dentro dos parâmetros legais; ‌entretanto o crescimento contínuo da atividade ilegal exige atenção redobrada ⁣especialmente nos municípios críticos ao sul do Amazonas bem como nas terras protegidas‌ onde⁣ vivem povos tradicionais ameaçados⁤ pela degradação ambiental crescente. O ‌fortalecimento fiscalizatório aliado à destinação clara das‍ florestas públicas não destinadas são passos essenciais contra esse problema persistente.

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