Jovens do Amazonas estão cada vez mais isolados e optando por relações menos numerosas, segundo dados recentes que refletem uma mudança significativa no comportamento afetivo e social. Pesquisa divulgada nesta segunda-feira (8) pela professora Mirian Goldenberg,publicada na Folha de S.Paulo, aponta para um fenômeno que envolve o uso intenso de telas, a busca por prazer e o desgaste da rotina moderna.
De acordo com estudos da psicóloga Jean W. Twenge, da San Diego State University, a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) apresenta em média metade dos parceiros sexuais comparado à geração X (1965-1981). Enquanto os pais acumulavam cerca de dez parceiros ao longo da vida, os jovens atuais ficam na faixa dos cinco. Na Suécia, país conhecido pela precisão estatística, 30% dos homens entre 18 e 24 anos relataram não ter tido relações no último ano.
Apagão nas Relações
Esse fenômeno tem sido chamado de “apagão sexual”, uma ruptura silenciosa com a ideia tradicional de que juventude está diretamente ligada ao desejo constante.O que chama atenção é como essa ausência vem sendo substituída naturalmente por outras formas de interação: pornografia digital, jogos online e redes sociais oferecem conexões instantâneas sem exigir esforço ou intimidade real.
Segundo Goldenberg, as relações presenciais demandam algo raro atualmente: dedicação emocional e tempo – elementos difíceis diante das mais de nove horas diárias conectadas à internet pelos brasileiros. No ambiente virtual não há necessidade de coragem ou preparo; basta uma senha para acessar diferentes mundos.
Além disso, relatos coletados pela pesquisadora mostram que mulheres alemãs casadas há anos já consideravam natural viver sem sexo em prol de projetos pessoais e amizades sólidas – algo antes incomum para o público brasileiro mas cada vez mais compreendido hoje.
O desabafo recente da atriz Fernanda Lima no podcast “Surubaum” viralizou justamente por expressar essa realidade: “A vida está corrida”, disse ela ao comentar sobre as dificuldades em manter relacionamentos íntimos mesmo sendo parte do casal idealizado pelo país junto com Rodrigo Hilbert.
Mudanças Entre Mulheres Acima dos 50 Anos
Em sua pós-graduação, Goldenberg ouviu mulheres acima dos cinquenta anos confessarem terem deixado as relações sexuais após a menopausa. Algumas preferem vibradores – dispositivos considerados mais práticos e menos desgastantes emocionalmente – enquanto outras mantêm relacionamentos virtuais como alternativa à intimidade tradicional.
Essa transformação levanta questionamentos sobre o conceito atual do que é considerado intimidade verdadeira: seria possível redefini-lo para algo vivido através das telas? O Brasil sempre foi associado ao prazer intenso e à sensualidade tropical; contudo a reflexão proposta sugere um novo olhar sobre desejos profundos além do físico.
A provocação final lançada pelo artigo é se os jovens também estariam buscando apenas esse tipo diferente de conexão – talvez querendo apenas sentir o tesão na alma em vez das experiências convencionais.
No contexto local do Amazonas – bairros como Adrianópolis ou zonas próximas às avenidas Djalma Batista e Constantino Nery -, esses dados ganham relevância diante das mudanças culturais observadas nas interações sociais cotidianas. A solidão disfarçada sob aparente liberdade digital reflete desafios enfrentados especialmente nos centros urbanos onde o ritmo acelerado impacta diretamente nas relações humanas reais.
Moradores pedem melhorias na sinalização para reduzir acidentes na região enquanto lidam também com transformações profundas no convívio social provocado pelas novas dinâmicas digitais presentes em Manaus e arredores.
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