Tïu França, como era conhecido, deixou sua cidade natal em Santa Catarina após enfrentar problemas familiares e pessoais. Francisco Wanderley, seu nome de batismo, tinha 59 anos e trabalhava como chaveiro em Rio do Sul (SC). Na noite da última quarta-feira (13), ele cometeu um atentado suicida na frente da escultura da Justiça, localizada na praça do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Nas redes sociais,manifestava opiniões extremistas e havia anunciado que realizaria um ataque contra autoridades que chamava de “comunistas”. O caso está sob investigação da Polícia Federal.
Perfil e trajetória de Tïu França
Sônia Regina, irmã mais velha de França, relata que ele sempre foi uma pessoa aventureira e determinada a alcançar seus objetivos sem se importar com críticas externas. ao longo dos anos tentou diversos negócios buscando realização pessoal. Segundo ela: “Ele sempre esteve em busca de realizações, mas não costumava ouvir conselhos”.Nos últimos tempos, o chaveiro se envolveu intensamente na política local e nacional. Tornou-se um apoiador fervoroso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e participou ativamente dos acampamentos golpistas contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sônia lembra que ele viajava frequentemente para Brasília para participar desses eventos políticos: “Ele tirava fotos abraçando Bolsonaro e outros políticos”.
Radicalização política e problemas pessoais
O radicalismo político de França aumentou após enfrentar dificuldades financeiras causadas por uma enchente que destruiu um imóvel seu. Além disso, passou por uma separação conjugal complicada ao romper com sua segunda esposa. Durante uma reunião familiar chegou a sugerir a possibilidade de tirar a própria vida.A família já desconfiava das intenções suicidas dele há algum tempo. Sônia conta que estava preocupada porque ele deixara sinais claros dessa intenção: “Não foi surpresa para nós o desfecho trágico, mas jamais imaginei que seria daquela forma”.Ela ainda relata o impacto emocional sofrido: “Eu dormi chorando; acho que estávamos semi-preparados para isso”.
Detalhes do atentado
por volta das 19h30 daquele dia fatídico, Tïu França lançou um objeto contra a escultura da justiça no STF antes de explodir sua própria cabeça com artefatos explosivos presos ao corpo. Seu carro também explodiu posteriormente junto com um trailer carregado com explosivos deixados em estacionamentos próximos à Esplanada dos Ministérios.
O Instituto Médico Legal recolheu o corpo após rigorosos testes anti-bomba realizados por equipes especializadas utilizando robôs para garantir segurança no local.
Investigação policial
A Polícia Federal já iniciou os depoimentos dos familiares enquanto apura as motivações por trás do atentado suicida. Uma das linhas investigativas considera possível ligação entre esse ato extremo e os eventos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro deste ano – quando apoiadores bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes causando destruição significativa.
Este episódio trágico reforça debates sobre radicalização política associada às crises pessoais enfrentadas por indivíduos vulneráveis atualmente no Brasil.
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