Nos últimos 40 anos, o Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de áreas naturais, sendo a Amazônia o bioma mais afetado com 52,1 milhões de hectares desmatados.Para enfrentar esse desafio, o Departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio desenvolveu um modelo de Inteligência Artificial (IA) capaz de prever áreas com maior risco de desmatamento na Amazônia Legal com até 15 dias de antecedência.O projeto foi realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A ferramenta já está em operação na plataforma TerraBrasilis e é utilizada para apoiar ações estratégicas no combate ao desmatamento.
Desenvolvimento do sistema preditivo
O modelo criado pela PUC-Rio utiliza uma vasta base histórica disponibilizada pelo INPE, que monitora os biomas brasileiros por meio do sensoriamento remoto nas plataformas PRODES e DETER. Foram selecionadas variáveis ambientais e espaciais relevantes para identificar riscos iminentes,como a rede hidrográfica,proximidade a rodovias,limites das áreas protegidas e terras indígenas,além dos padrões climáticos. Um fator crucial é o histórico dos eventos anteriores de desmatamento – pois novas ocorrências tendem a acontecer próximas às regiões já afetadas.
Escolha da abordagem em inteligência artificial
Quatro métodos distintos foram testados para encontrar um equilíbrio entre precisão preditiva e custo computacional. O modelo adotado apresentou alta capacidade para indicar as áreas com maior probabilidade de novos desmatamentos dentro do prazo previsto.Segundo Raul Queiroz Feitosa, professor da PUC-Rio envolvido no desenvolvimento da ferramenta: “Conseguimos apontar onde há maior risco em até 15 dias com alto grau de acerto”.
Operacionalização e uso prático
Após a definição técnica do modelo preditivo, coube ao INPE integrar essa solução à sala de Situação da plataforma TerraBrasilis. O Ibama participou ativamente desse processo para garantir que as funcionalidades atendam às demandas operacionais das equipes responsáveis pela fiscalização ambiental na região amazônica. Além disso,os municípios localizados na Amazônia Legal também receberam acesso aos modelos preditivos para orientar suas próprias estratégias contra o avanço ilegal do desmatamento.
Importância estratégica da previsão
A previsão antecipada é basic porque os técnicos não conseguem fiscalizar toda a extensão amazônica devido à sua vastidão e dificuldade geográfica. As operações são caras e demandam deslocamentos longos por locais remotos ou inacessíveis.A nova ferramenta substitui um método antigo usado pelo Ibama há cerca de duas décadas que precisava ser atualizado diante dos avanços recentes em IA.
Desafios futuros na avaliação dos resultados
Ainda é prematuro mensurar os impactos concretos dessa tecnologia nos índices oficiais do desmatamento nos próximos meses ou anos.Os próximos 12 meses serão decisivos para avaliar sua eficácia prática nas ações preventivas realizadas pelos órgãos ambientais envolvidos no combate ao problema crescente nas florestas brasileiras.
Raul Queiroz ressalta que “o fenômeno do desmatamento é complexo”, influenciado por múltiplos fatores externos às operações diretas das instituições responsáveis pela fiscalização ambiental.
Acompanhe as atualizações da matéria e outras reportagens relevantes no Portal Notícias do Amazonas e fique sempre bem informado com as notícias de Manaus e região!