A alta concentração de data centers tem gerado impactos econômicos e ambientais em diversas regiões do mundo. Esses centros físicos, que abrigam servidores, sistemas de armazenamento e equipamentos de rede essenciais para o processamento e distribuição de dados, demandam grande consumo de recursos naturais, especialmente água e energia. Casos recentes no Texas, Holanda, México e países da América Latina evidenciam os desafios dessa expansão tecnológica para as populações locais.
Impactos ambientais e sociais dos data centers
Os data centers exigem um volume significativo de água para o resfriamento dos servidores e manutenção da umidade adequada aos equipamentos eletrônicos. No Texas, por exemplo, os centros dedicados à inteligência artificial consomem cerca de 49 bilhões de galões de água anualmente. Essa alta demanda levou as autoridades locais a recomendarem restrições ao uso doméstico da água, como evitar banhos frequentes, para garantir o abastecimento dessas instalações.Além do caso americano, protestos na Holanda contra a construção de novos data centers refletem a preocupação pública com o consumo excessivo desse recurso vital. Países como Chile e Uruguai também manifestam resistência à expansão dessas estruturas devido aos impactos negativos sobre a disponibilidade hídrica.
No México, a situação é semelhante: a pressão sobre os recursos naturais pode resultar em racionamento de água para a população e sobrecarga na rede elétrica nacional, agravando problemas sociais e econômicos.
Sucesso econômico versus custos ambientais
Embora a instalação de data centers represente um avanço tecnológico e possa gerar retorno financeiro significativo para as empresas envolvidas, a falta de transparência sobre o consumo real desses recursos é motivo de alerta. A ambientalista Camila Rocha destaca que “o custo social, econômico e ambiental é altíssimo”, pois essas instalações demandam energia e água constantemente – recursos essenciais também para a população.
Segundo Camila, o crescimento das demandas empresariais pode ser considerado um sucesso comercial; entretanto, esse progresso contrasta com o fracasso na preservação ambiental. O impacto financeiro recai sobre os cidadãos que enfrentam aumento nas taxas públicas enquanto lidam com a escassez no fornecimento de água e energia.
A especialista ainda ressalta que a economia prometida aos consumidores não se concretiza na prática porque os recursos básicos tornam-se cada vez mais limitados diante do uso intensivo pelos data centers.
Panorama dos data centers no Brasil
No Brasil,o maior data center está localizado em Vinhedo (SP),pertencente à Ascenty. Inaugurado em 2019, ele lidera em tamanho e infraestrutura digital tanto no país quanto na América Latina. A cidade de São Paulo destaca-se como polo industrial atraindo multinacionais devido à legislação fiscal favorável para instalação dessas empresas.
De acordo com estimativas da associação Brasileira de Data Center, existem 162 unidades espalhadas pelo país, sendo 110 delas concentradas na região Sudeste. Essa distribuição reforça a importância econômica do setor localmente, mas também levanta questões sobre o impacto ambiental em áreas já pressionadas por demandas urbanas.
Conclusão
O crescimento acelerado dos data centers traz benefícios tecnológicos e econômicos relevantes; contudo, é fundamental equilibrar essa expansão com práticas sustentáveis que minimizem os efeitos negativos sobre recursos naturais essenciais à população. A transparência das empresas quanto ao consumo energético e hídrico deve ser prioridade para garantir um desenvolvimento responsável.
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