O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou neste domingo (11), durante entrevista coletiva no centro de imprensa do G20, no Rio de Janeiro, que os países integrantes do grupo precisam buscar consensos para avançar na redução das desigualdades globais. A declaração ocorreu em meio às negociações para a Cúpula do G20, marcada para os dias 18 e 19 de junho na cidade. Guterres também comentou sobre temas como a crise climática, as guerras na Ucrânia e Palestina e a necessidade urgente de reformar o Conselho de Segurança da ONU.
Consenso no G20 é fundamental para enfrentar desigualdades
Ao ser questionado sobre o posicionamento do presidente argentino Javier Milei – crítico ao multilateralismo e aos acordos climáticos - António Guterres destacou que a agenda 2030 representa um consenso global essencial para combater as desigualdades e injustiças existentes.Ele fez um apelo aos países participantes da Cúpula do G20 para que adotem uma postura conciliadora.”O espírito de consenso deve prevalecer nas negociações atuais. É preciso bom senso para transformar essa reunião em um sucesso com decisões relevantes à ordem internacional”,afirmou o secretário-geral. Segundo ele, se o grupo se dividir, perderá importância globalmente num momento em que já existem muitas divisões geopolíticas.
Influência política dos Estados Unidos
Guterres também expressou preocupação com a influência política do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, cuja visão compartilha semelhanças com Milei. O secretário ressaltou que Trump pode mobilizar aliados durante os debates da cúpula em defesa de ideias dissidentes.
Sobre como os países devem se preparar para esse cenário político nos EUA a partir do próximo ano, ele recomendou fortalecer o diálogo global: “Reconhecer a importância das instituições multilaterais é fundamental. Se houver habilidade nas negociações dentro das Nações Unidas e respeito às leis internacionais com diálogo construtivo, essa será a melhor resposta possível”.
Crise climática exige liderança das maiores economias
António Guterres relatou sua participação recente na COP 29 realizada em Baku (Azerbaijão) e reforçou as preocupações globais diante da crise climática crescente. Ele alertou que 2024 tem potencial para ser o ano mais quente já registrado, citando exemplos locais como seca na Amazônia e enchentes no Sul do Brasil.
“Agora é hora das maiores economias liderarem pelo exemplo”, disse ele ao destacar que falhar não é uma opção diante dos desafios ambientais atuais. Para restaurar confiança no sistema global são necessárias soluções eficazes capazes de enfrentar esses problemas urgentes.
Papel dos Estados Unidos na agenda ambiental
Sobre os EUA especificamente, António Guterres reconheceu sua relevância no combate à crise climática mas lembrou tratar-se de uma economia federal baseada no mercado: “Os sinais atuais indicam preferência por opções sustentáveis mais verdes e econômicas”. Ele demonstrou confiança no dinamismo econômico americano aliado à sociedade civil rumo à ação ambiental efetiva mesmo diante da menor influência governamental atual comparada ao passado recente.
Reforma necessária do Conselho de Segurança da ONU
Outro ponto abordado foi a estrutura atual do Conselho de Segurança da ONU considerada desatualizada por refletir realidades políticas desde 1945. O secretário-geral apontou ausência significativa representativa: “Não há nenhum país africano ou latino-americano entre seus membros permanentes; três europeus ocupam essas vagas”.
Essa falta corresponde não só ao mundo contemporâneo mas gera ineficácia devido às divisões políticas internas além da perda gradual legitimidade perante novos desafios globais. Para corrigir isso são necessárias reformas profundas incluindo adesão permanente ou temporária ampliada especialmente envolvendo países do Sul Global assim como revisão nos métodos operacionais visando maior eficácia institucional.
Conflito entre Israelenses e Palestinos exige solução justa
No tema Oriente Médio,Guterres defendeu postura clara baseada nos mesmos princípios aplicados universalmente pela lei internacional: “Precisamos garantir paz respeitando direitos tanto dos palestinos quanto israelenses”. ele enfatizou apoio à coexistência pacífica através da criação simultânea dos dois estados seguros enquanto destaca urgência humanitária imediata frente aos recentes ataques violentos:
“Podemos condenar ações terroristas específicas sem justificar sofrimento coletivo sofrido pelo povo palestino”, concluiu pedindo cessar-fogo imediato acompanhado por ajuda humanitária eficaz especialmente em Gaza.
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