Uma pesquisa realizada pelo instituto de Defesa do Consumidor (Idec) revelou a presença de diversos agrotóxicos em alimentos ultraprocessados, incluindo substâncias consideradas cancerígenas. O estudo, intitulado “Tem veneno Nesse Pacote”, analisou 24 produtos de diferentes categorias e gerou ampla repercussão nas redes sociais. A investigação foi conduzida por um laboratório certificado pelo Inmetro e credenciado junto ao Ministério da agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com testes capazes de detectar até 563 tipos diferentes de agrotóxicos.
Análise dos ultraprocessados e principais resultados
Na terceira edição da pesquisa, foram avaliados 24 produtos ultraprocessados divididos em oito categorias: macarrão instantâneo, biscoito maisena, presunto cozido, bolo pronto sabor chocolate, sobremesa petit suisse sabor morango, bebida láctea sabor chocolate, hambúrguer à base de plantas e empanado à base de plantas com sabor frango. Em cada categoria foram selecionados os três itens mais vendidos no mercado.
Os produtos que apresentaram maior diversidade na presença de agrotóxicos – quatro tipos diferentes em cada amostra – foram o biscoito maisena Marilan e o biscoito maisena Triunfo. Já resíduos de três tipos distintos foram encontrados nos seguintes alimentos: hambúrguer à base de plantas Sadia; empanado vegetal sabor frango seara; macarrão instantâneo nissin; macarrão instantâneo Renata; bolo pronto sabor chocolate Ana Maria.
além disso, o empanado vegetal sabor frango Sadia apresentou vestígios de dois agrotóxicos. Outros produtos tiveram a detecção apenas de um tipo: hambúrguer à base de plantas Fazenda Futuro; empanado vegetal sabor frango Fazenda Futuro; presunto cozido Aurora; bolo pronto sabor chocolate Panco; bebida láctea sabor chocolate Pirakids.
Agrotóxico com potencial cancerígeno
O glifosato foi o agrotóxico mais frequente nos testes, presente em sete das 24 amostras analisadas. Segundo Laís Amaral do Idec, esse herbicida é o mais comercializado mundialmente e é classificado pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) da organização mundial da Saúde como “provavelmente carcinogênico”.
Vale destacar que a categoria sobremesa petit-suisse sabor morango não apresentou nenhum resíduo detectável desses compostos químicos nas amostras testadas.
Ingredientes contaminados e ações do Idec
A farinha de trigo utilizada na crosta dos empanados assim como no biscoito maisena e no macarrão instantâneo continua sendo um ingrediente com alta prevalência na contaminação por agrotóxicos – resultado já apontado na segunda edição do estudo “Tem Veneno Nesse Pacote”.
Com a conclusão desta terceira etapa da pesquisa, o Idec enviou notificações às empresas responsáveis pelos produtos que apresentaram resíduos químicos para esclarecimentos. Os dados também foram encaminhados para análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O estudo completo está disponível gratuitamente no site do Idec junto às duas primeiras edições realizadas em 2021 e 2022.
Respostas das empresas envolvidas
Diversas companhias se manifestaram após os resultados:
- Selmi afirmou realizar monitoramento contínuo das farinhas usadas na produção sem registros fora dos parâmetros legais.
- Fazenda futuro esclareceu ter fornecido toda documentação solicitada pelo Idec sobre seus produtos.
- BRF, responsável pela marca Sadia entre outras linhas vegetais citadas no relatório destacou que os níveis detectados estão abaixo dos limites legais.
- Nissin Foods informou atender integralmente as legislações vigentes relacionadas aos resíduos encontrados.
- Bagley do Brasil Ltda ressaltou seguir rigorosos padrões sanitários durante todo processo produtivo.
- Grupo Marilan reforçou compromisso com qualidade conforme normas da Anvisa.
- Aurora Coop negou produção do lote questionado referente ao presunto cozido citado.
- grupo Piracanjuba, Bimbo Brasil (marca Ana Maria), Seara e Panco também destacaram conformidade legal rigorosa nos processos produtivos adotados.
Esses posicionamentos demonstram empenho das empresas em garantir segurança alimentar dentro das regulamentações brasileiras vigentes.
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