Nos últimos três anos, o Amazonas esteve entre os 10 estados mais violentos contra travestis e transexuais. Segundo o “Dossiê - Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023”, divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), o estado ficou em oitavo lugar no ranking nacional de mortes dessa população em 2023. entre 2021 e 2023,o Amazonas manteve-se consistentemente entre os dez estados com maior número de assassinatos desse grupo.
Violência contra travestis e transexuais no Amazonas
O levantamento da Antra revela que a violência contra travestis e transexuais no Amazonas tem se mantido alta nos últimos anos. Em 2021, foram registradas quatro mortes, colocando o estado na décima posição do ranking nacional. No ano seguinte, esse número dobrou para oito homicídios, elevando a colocação para sexto lugar. Já em 2023,sete pessoas foram assassinadas,mantendo o estado na oitava posição.
Ranking nacional das mortes
no ano de 2023, São Paulo liderou com 19 mortes, seguido por outros estados que também apresentam altos índices de violência contra essa população vulnerável. O fato do Amazonas figurar entre os dez primeiros coloca em evidência a gravidade da situação local.
Fatores que contribuem para a violência
Para Joyce Gomes, presidente da Associação de Travestis, Transexuais e transgêneros do estado do Amazonas (Assotram), essa realidade está diretamente ligada à ausência de políticas públicas eficazes que garantam direitos básicos à comunidade trans.
“A expectativa média de vida das pessoas trans é cerca de 35 anos, resultado das diversas formas de violência estrutural enfrentadas desde o ambiente familiar até espaços como escola e trabalho”, explica Joyce gomes. Ela destaca ainda que as violências vivenciadas são múltiplas: familiares, sociais e institucionais.
Avanços sociais x resistência cultural
Apesar dos avanços conquistados nos últimos anos – como leis estaduais sobre nome social e combate à LGBTfobia – Joyce ressalta que discursos reacionários ainda fragilizam essas conquistas. “Há um aumento preocupante dos discursos de ódio que dificultam a convivência social com pessoas LGBTs”, afirma a presidente da Assotram.
Além disso, ela aponta como um grande desafio a falta continuidade nas políticas públicas devido às mudanças frequentes nas gestões governamentais: “muitos programas não são mantidos quando há troca no governo; isso faz com que tenhamos sempre que recomeçar”.
Ações da Assotram para proteção dos direitos humanos
A Assotram atua diretamente na defesa dos direitos humanos das travestis e transexuais amazonenses por meio da promoção do empreendedorismo social como forma eficaz para combater a exclusão econômica dessa população.
“Oferecer oportunidades reais é basic para reduzir as violências sofridas pela comunidade LGBT”,destaca Joyce Gomes ao explicar que grande parte dessas pessoas trabalha informalmente ou em subempregos autônomos – situações precárias que reforçam sua vulnerabilidade social.
Projetos sociais voltados à comunidade
Entre as iniciativas promovidas está o projeto Sereia da Noite, realizado uma ou duas vezes por mês nos pontos onde ocorre prostituição na capital amazonense. O objetivo é levar canais seguros para denúncias além incentivar as vítimas a formalizarem suas reclamações junto à Delegacia Especializada em Ordem Política Social (Deops). Contudo, segundo Joyce Gomes ainda existe muita insegurança quanto ao registro dessas denúncias devido ao medo represálias ou falta confiança nas instituições responsáveis pelo acolhimento.
Conclusão
A persistente presença do Amazonas entre os estados mais violentos contra travestis e transexuais evidencia uma crise humanitária agravada pela ausência sistemática de políticas públicas estruturantes aliada aos desafios culturais locais. É urgente fortalecer ações governamentais permanentes aliadas ao apoio comunitário organizado para garantir segurança física and dignidade às pessoas trans no estado.
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