domingo, dezembro 28, 2025
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Notícias do Amazonas – Esquema de créditos de carbono envolve fraudes e propinas

Um esquema criminoso envolvendo registros falsos‍ de fazendas em terras indígenas e⁤ da União, pagamento de propinas a servidores públicos e fraudes em ⁤cartórios foi desmantelado pela Polícia Federal (PF)​ no Amazonas. A operação,deflagrada‍ em 5 ⁤de junho,revelou ‌que⁣ o ⁤grupo utilizava essas irregularidades para emitir créditos de carbono lastreados ⁤em áreas griladas na região sul do estado. O esquema movimentou mais de R$ ​1,1 bilhão e contou com investimentos ​milionários de multinacionais e fundos financeiros ‌da⁤ Faria Lima, em ‍São Paulo.

Esquema ⁣criminoso com fazendas registradas ilegalmente

A Operação‍ Greenwashing prendeu empresários acusados pela apropriação ilícita de 337 mil hectares pertencentes ao patrimônio público federal, avaliados em R$ 819 milhões. Além disso, o‌ grupo ⁣é suspeito da extração ilegal de cerca ​de 1,1 milhão⁢ metros cúbicos de madeira.Segundo ⁢a PF, as‌ propriedades usadas para lastrear ​os créditos‍ foram registradas por ⁣meio ⁢da corrupção envolvendo servidores públicos e⁢ documentos falsificados.

Fraudes nos cartórios e propinas

Durante mais de‍ uma década, o grupo corrompeu funcionários públicos para⁢ registrar⁢ fazendas sobre áreas protegidas pela União e territórios indígenas na região do município amazonense‌ Lábrea. Áudios obtidos nas investigações revelam negociações‌ explícitas sobre pagamentos ilegais a oficiais dos cartórios locais. Em uma das⁣ conversas interceptadas pela PF, um empresário menciona valores pagos à oficial do cartório do município Apuí para viabilizar registros fraudulentos.

O Conselho de Controle das Atividades Financeiras​ (Coaf) identificou movimentações⁤ suspeitas que somam R$ 1,1 bilhão⁣ relacionadas ao esquema. Entre as transferências investigadas está ⁢um ⁤pagamento no valor aproximado a ⁣R$ 700 mil feito à conta do marido da oficial citada nas conversas sobre ​propina.

O papel dos ‍créditos ⁢de carbono no esquema

Os ​créditos negociados pelo grupo ‌tinham como‌ base projetos ambientais⁤ que⁣ supostamente evitavam emissões ⁣atmosféricas nocivas⁤ ao ‍meio ‌ambiente – cada crédito ⁣equivale à redução ou compensação da emissão equivalente a ⁤uma tonelada métrica CO2.

Ricardo Stoppe​ Junior: imagem‌ construída x investigação

O empresário Ricardo Stoppe Junior se destacou publicamente como pioneiro no mercado global desses créditos⁢ ambientais. Ele afirmava ser⁣ “o maior produtor mundial” desse tipo ativo sustentável por meio ​da⁢ empresa Fortaleza Ituxi – ‍projeto ⁢localizado numa área inicialmente preservada com cerca de 133 ⁢mil hectares.

Entretanto, as investigações apontaram que parte dessa área foi registrada irregularmente sobre terras públicas federais e dentro da terra indígena Kaxarari. Documentos adulterados foram aceitos judicialmente ⁣após corrupção nos cartórios locais; isso permitiu ⁢até mesmo ampliar artificialmente os limites dessas propriedades.

Impacto financeiro entre investidores nacionais e multinacionais

Créditos emitidos pelas empresas ligadas a Stoppe Junior foram adquiridos⁢ por‍ grandes players​ financeiros brasileiros ligados à Faria Lima – incluindo fundos geridos ​por XP Investimentos – além das multinacionais Gol Linhas Aéreas,Boeing e Nestlé. Essas companhias‌ compraram os ativos através ‌intermediárias especializadas sem contato direto⁣ com o empresário investigado.

Na semana seguinte ‌à deflagração da operação policial houve queda superior ‌a dez por cento no valor ⁣dos fundos envolvidos diretamente nos negócios relacionados às empresas ​sob suspeita.

Reações oficiais ⁤das ⁢empresas envolvidas

A​ Boeing ‍informou estar acompanhando o caso enquanto adquire‌ compensações via agências ‌reconhecidas internacionalmente; outras​ corporações​ não se manifestaram até o momento ou não puderam ser localizadas ​para comentar oficialmente sobre suas compras recentes desses créditos irregulares.

XP Investimentos e AZ Quest divulgaram comunicados afirmando monitorar os ‍desdobramentos para proteger interesses dos cotistas envolvidos nos fundos afetados pelo escândalo ambiental-financeiro na Amazônia.

Conclusão

A investigação revela um complexo sistema fraudulento que ​uniu corrupção pública com interesses privados internacionais na exploração ilegal ambiental amazônica disfarçada sob negócios sustentáveis aparentes.‌ O ​caso reforça⁤ alertas quanto aos riscos existentes nesse mercado emergente dos créditos ambientais quando falta transparência rigorosa nas operações‌ financeiras associadas às áreas protegidas brasileiras.

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