Magistrados do tribunal Regional do trabalho da 11ª Região (AM/RR), que integram a comunidade LGBTQIAPN+, destacam avanços legais recentes, mas alertam para formas discretas de discriminação ainda presentes no ambiente profissional.O TRT-11 promoveu nos dias 17 e 18 de junho o 1º Ciclo pelo Orgulho e pela Diversidade no Poder Judiciário do Amazonas, reafirmando seu compromisso com a inclusão e representatividade. Essas ações reforçam a importância da atuação institucional para superar desafios persistentes.
Desafios institucionais ainda presentes
Embora tenha havido progresso na promoção da equidade, a discriminação contra pessoas LGBTQIAPN+ persiste de maneira sutil dentro das instituições.Conforme o relatório Cadernos LGBTQIA+ Cidadania (2025), divulgado pelo ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, essa exclusão se manifesta silenciosamente, dificultando sua identificação. Entre os principais entraves estão:
- Falhas administrativas;
- Ausência de dados organizados sobre o tema;
- Resistência à implementação de políticas inclusivas;
- Falta de estruturas específicas para proteção dessa população.
A juíza do Trabalho Larissa de Souza Carril, integrante do Comitê responsável por prevenir assédio moral, sexual e discriminação no TRT-11, reconhece os avanços institucionais: “A Justiça do Trabalho tem evoluído para ser um espaço mais acolhedor e justo”. ela ressalta que as manifestações preconceituosas nem sempre são explícitas,mas aparecem em omissões ou falta de sensibilidade. Para Larissa, esses sinais indicam um desejo real por transformação.
Avanços acompanhados por atitudes sutis
O juiz Igo Zany Nunes Correa, também membro ativo dos comitês internos voltados à diversidade, destaca que hoje consegue se assumir sem medo ou constrangimentos no ambiente profissional.No entanto, ele alerta que expressões veladas continuam frequentes: “Muitas vezes surgem como brincadeiras – piadas sobre ‘jeitos’, insinuações sobre aparência ou comportamento – aparentemente inofensivas mas carregadas de estereótipos”.
outro magistrado engajado na causa é André Fernando dos Anjos Cruz, integrante do Comitê de Equidade em Gênero, Raça e Diversidade do TRT-11. Ele observa que essas formas discretas podem causar danos profundos: “São quase imperceptíveis aos olhos externos”, afirma André Fernando. Para ele é essencial reconhecer essas situações como violações aos direitos fundamentais e promover:
- Letramento institucional contínuo;
- Formação permanente dos servidores;
- Compromisso ético efetivo com a diversidade.
Reconhecimento interno como ponto inicial para mudanças
Para Larissa Carril, enfrentar essas questões começa pela autoavaliação das instituições: “É fundamental admitir as falhas internas e preconceitos enraizados estruturalmente”. Ela defende uma escuta ativa daqueles que vivenciam exclusão diariamente para garantir políticas eficazes.
Além disso, destaca-se a necessidade da presença real das pessoas LGBTQIAPN+ nas carreiras jurídicas: “Diversidade não pode ser apenas tema teórico; deve ser prática cotidiana aliada à política institucional”.
André dos Anjos reforça o impacto negativo das violências simbólicas sofridas especialmente por crianças, adolescentes e trabalhadores dessa comunidade no Amazonas:
“Não há mais espaço para tolerar piadas ofensivas ou atitudes que prejudicam a saúde mental dessas pessoas.”
Ele conclui afirmando a urgência em avançar continuamente na luta contra qualquer forma velada ou explícita desse tipo de violência.
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