Às vésperas da COP 30, que terá início nesta segunda-feira (10) em Belém (PA), o biólogo e embaixador do Instituto Lixo Zero do Brasil (ILZB) no Amazonas, Daniel Santos, alerta para os desafios na gestão de resíduos sólidos na região Norte. Apesar da importância da Amazônia para a regulação climática global, o descarte inadequado de resíduos ainda é tratado como questão secundária. Santos participará da conferência para acompanhar as discussões sobre políticas públicas e propor soluções sustentáveis voltadas à redução dos impactos ambientais urbanos.
Desafios na gestão de resíduos sólidos no Amazonas
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010, completa 15 anos em 2025 e apresenta avanços limitados diante dos obstáculos enfrentados especialmente na região Norte. A legislação previa o encerramento dos lixões até 2020, substituindo-os por aterros sanitários adequados.Contudo, esse prazo foi estendido até agosto de 2024 para municípios com menos de 50 mil habitantes - meta que permanece distante.
Alto índice de lixões no Amazonas
Segundo dados do IBGE, 91,9% dos municípios amazonenses ainda descartam seus resíduos em lixões – o maior percentual do país – superando estados como Maranhão (86,2%), Roraima (85,7%) e pará (82,6%).Essa realidade reflete a carência estrutural das cidades amazônicas quanto à coleta seletiva e destinação final adequada.
Daniel Santos destaca que “a falta dessa infraestrutura resulta na contaminação direta dos rios e solos locais”, afetando comunidades tradicionais e ecossistemas sensíveis da região.
Limitações na aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos
A PNRS estabelece princípios fundamentais como a redução da geração de resíduos, logística reversa e responsabilidade compartilhada pelo ciclo produtivo dos materiais. No entanto,sua implementação enfrenta barreiras significativas devido à ausência de integração entre órgãos públicos municipais e fiscalização insuficiente.
Falta de planos consolidados nos municípios
“Em muitos municípios amazônicos não existem planos efetivos para gestão integrada dos resíduos nem sistemas eficientes para coleta seletiva”, explica Santos. Essa lacuna contribui para perpetuar um ciclo prejudicial ao meio ambiente local e compromete a qualidade vida das populações envolvidas.
Metodologia Lixo Zero: uma alternativa sustentável
Como solução estratégica para reverter esse cenário preocupante na Amazônia, Daniel Santos defende a adoção prática da Metodologia Lixo Zero, baseada nos pilares da não geração ou minimização do lixo produzido; reutilização; reciclagem; compostagem; além do fortalecimento da economia circular regional.
Benefícios esperados com a metodologia
A aplicação desse modelo pode promover:
- Criação e fortalecimento das cooperativas locais de catadores
- Geração significativa de empregos verdes
- Redução expressiva do volume destinado aos aterros sanitários ou lixões
- Diminuição considerável dos impactos ambientais urbanos
Santos ressalta que essa abordagem contribuiria diretamente com o desenvolvimento sustentável das cidades amazônicas ao mesmo tempo em que preserva os recursos naturais essenciais à manutenção climática global.
A Amazônia como referência mundial em sustentabilidade ambiental
Para o representante do ILZB no amazonas é fundamental que as políticas públicas regionais incorporem urgentemente os conceitos propostos pela Metodologia Lixo Zero.”Adotar essa estratégia seria um gesto coerente tanto ambiental quanto socialmente”, afirma ele.
Além disso,
“A Amazônia precisa ser exemplo internacional nas práticas ambientais sustentáveis. Implementar essas ações regionalmente fortalecerá o papel brasileiro nas negociações globais sobre clima e economia verde.”
Conclui-se assim que investir nessa transformação pode posicionar a região Norte como protagonista nas discussões mundiais sobre sustentabilidade urbana aliada à conservação ambiental.
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