Os participantes da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29), realizada em Baku, no Azerbaijão, fecharam um acordo para que os países ricos doem US$ 300 bilhões por ano a nações em desenvolvimento até 2035. O objetivo é financiar ações de combate e mitigação da crise climática. O anúncio foi feito na manhã deste domingo (24) e marca uma ampliação significativa dos recursos destinados ao enfrentamento das mudanças do clima.
Acordo financeiro e reações internacionais
O novo compromisso financeiro substitui o valor anterior de US$ 100 bilhões anuais previstos para o período entre 2020 e 2025, elevando a meta para US$ 300 bilhões por ano até 2035. Inicialmente, a proposta era de US$ 250 bilhões anuais, enquanto os países em desenvolvimento defendiam uma cifra muito maior, próxima a US$ 1,3 trilhão por ano.
Apesar do avanço no montante acordado, as nações mais vulneráveis às mudanças climáticas classificaram o resultado como uma “ofensa”, argumentando que o volume de recursos ainda é insuficiente para atender às necessidades reais. O texto final da COP29 ressalta a urgência de ampliar as ambições nesta “década crítica” e reconhece um “fosso” entre os fluxos financeiros disponíveis e as demandas especialmente relacionadas à adaptação nos países em desenvolvimento.
Necessidades financeiras estimadas
estima-se que serão necessários entre US$ 5,1 trilhões e US$ 6,8 trilhões até 2030 para enfrentar adequadamente os desafios climáticos globais. Para isso, o novo acordo prevê aportes anuais entre US$ 455 bilhões e US$ 584 bilhões especificamente voltados ao financiamento climático.
O documento também destaca a importância de reformar a arquitetura financeira multilateral para facilitar o acesso aos recursos pelos países mais afetados pela crise ambiental. Entre os obstáculos apontados estão elevados custos de capital, espaço fiscal limitado nos orçamentos nacionais desses países, níveis insustentáveis de endividamento público além dos altos custos administrativos envolvidos nas transações financeiras.
mercado global de carbono
Outro ponto importante aprovado durante a COP29 foi o estabelecimento das regras para um mercado global de carbono apoiado pela ONU. Esse mecanismo permitirá que créditos ambientais sejam comercializados internacionalmente com o intuito incentivar reduções efetivas nas emissões dos gases causadores do efeito estufa.
antónio Guterres destacou que as negociações foram complexas devido ao cenário geopolítico incerto e dividido mundialmente. No entanto ressaltou que esse consenso demonstra como o multilateralismo pode superar desafios mesmo diante das questões mais difíceis atualmente enfrentadas pelo planeta.
Fim da era dos combustíveis fósseis
Para Guterres, é inevitável economicamente encerrar gradualmente a utilização dos combustíveis fósseis no mundo todo. Ele reforçou ainda que as novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), planos climáticos apresentados individualmente pelos países signatários do Acordo de paris devem acelerar essa transição garantindo justiça social nesse processo.
Participação brasileira na COP29
O Brasil foi destaque ao apresentar sua terceira geração da NDC durante esta conferência internacional. O país estabeleceu metas ambiciosas: reduzir suas emissões totais entre 59% e 67% até 2035, reafirmando também seu compromisso com neutralidade climática até 2050.
Além disso, entregou um documento detalhado contendo políticas públicas vigentes organizadas por setores econômicos brasileiros responsáveis pelas emissões atuais – demonstrando ações concretas já implementadas visando mitigar esses impactos ambientais negativos dentro do território nacional.
A próxima edição da conferência sobre mudanças climáticas (COP30) será sediada pelo Brasil em novembro de 2025, na cidade Belém (PA), reforçando assim seu papel ativo nas discussões globais sobre meio ambiente.
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