Neymar tem gerado polêmica ao apoiar a proposta da “PEC da privatização das praias“, que visa transferir para a iniciativa privada a titularidade de áreas costeiras atualmente sob domínio da União. A medida, defendida pelo jogador em parceria com uma incorporadora para um projeto imobiliário entre pernambuco e Alagoas, foi criticada por especialistas em clima, como o climatologista Carlos nobre. O cientista alerta para os riscos ambientais dessa privatização diante do aumento do nível do mar e das ressacas mais intensas.Privatização das praias: o que propõe a PEC
A proposta defendida por Neymar pretende retirar da União o controle exclusivo sobre terrenos de praias e ilhas,permitindo que esses espaços passem à propriedade privada. Essa mudança legal abriria caminho para empreendimentos imobiliários em áreas litorâneas atualmente públicas.
A repercussão negativa veio após críticas públicas da atriz luana Piovani ao apoio do jogador à PEC, apresentada pelo senador Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Neymar anunciou um empreendimento chamado “Caribe brasileiro”, com imóveis de alto padrão distribuídos ao longo de 100 quilômetros entre os litorais dos estados de Pernambuco e Alagoas.
Carlos Nobre critica apoio à PEC
O climatologista Carlos Nobre afirmou que Neymar precisa aprofundar seus conhecimentos sobre mudanças climáticas. Ele se colocou à disposição para ensinar gratuitamente o influenciador sobre o tema. Segundo Nobre, privatizar as praias é uma medida sem sentido, especialmente considerando as alterações ambientais atuais.
Ele citou sua visita recente à praia de Itanhaém (SP), onde constatou que parte significativa já desapareceu devido à elevação do nível do mar. Para ele, essas áreas devem permanecer como terreno público justamente para garantir proteção contra os efeitos das ressacas cada vez mais fortes.
Riscos ambientais e impactos futuros
Carlos Nobre destacou ainda que nas próximas décadas haverá grandes riscos nas regiões hoje não públicas às margens dos oceanos.Com a subida do nível do mar, estradas, rodovias e comunidades poderão ser diretamente afetadas pelas águas – situação já observada no Nordeste brasileiro com destruição causada pelas ressacas.
Para ele, é essential pensar no marco legal adequado diante dessas mudanças climáticas aceleradas e na necessidade de preservar as áreas costeiras como patrimônio público protegido contra danos ambientais graves.
Possível tramitação no Supremo Tribunal Federal
O cientista alertou também que caso a PEC seja aprovada no Senado Federal será importante buscar seu veto pelo governo federal devido aos impactos negativos previstos. Ele acredita que ministros ligados ao meio ambiente podem fundamentar essa rejeição na esfera judicial.
Além disso, prevê-se uma possível análise da questão pelo Supremo Tribunal Federal dada sua relevância ambiental estratégica para todo o país.
Biografia resumida: Carlos Nobre
Carlos Nobre é um renomado pesquisador brasileiro especializado nas interações entre biosfera-atmosfera e nos efeitos ecológicos decorrentes das mudanças climáticas globais – especialmente relacionados ao desmatamento amazônico e risco de savanização desse bioma vital.
Com doutorado em Meteorologia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), atua há mais de 35 anos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foi fundamental na criação importantes centros brasileiros dedicados ao estudo climático como CPTEC, CCST e CEMADEN.
Atualmente é Cientista Sênior no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e lidera iniciativas científicas voltadas à bioeconomia sustentável na Amazônia por meio do projeto Amazônia 4.0. É autor ou coautor em centenas publicações científicas reconhecidas internacionalmente.Conclusão
A discussão sobre a privatização das praias envolve questões complexas ligadas às mudanças climáticas globais enfrentadas pelo Brasil hoje – principalmente pela vulnerabilidade crescente dos ecossistemas costeiros frente aos avanços do mar. A posição crítica dos especialistas reforça a importância da preservação pública desses territórios estratégicos tanto ambiental quanto socialmente.
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