Um grupo de 84 brasileiros deportados dos Estados Unidos desembarcou na noite de sábado (25) no Aeroporto Internacional de confins, em Belo Horizonte, após pernoitar em Manaus. A chegada ocorreu depois que o voo americano apresentou problemas técnicos e relatos graves de maus-tratos e agressões durante a viagem.Ao todo, o grupo era formado por 88 pessoas, sendo que quatro permaneceram em Manaus. As denúncias incluem falhas na alimentação, condições precárias e violência por parte dos agentes americanos.
Problemas no voo e relatos de agressões
O vigilante Jeferson Maia, natural de Rondônia, contou que as agressões começaram quando a aeronave fez uma parada para reabastecimento em Manaus. O avião deveria ter pousado em Confins na noite da sexta-feira (24), mas precisou interromper o trajeto devido a falhas no ar-condicionado que geraram tumulto entre os passageiros.Segundo Jeferson, alguns brasileiros fluentes em inglês solicitaram permissão para sair da aeronave durante a parada técnica – pedido negado pelos agentes americanos – e foram agredidos logo depois. Ele relatou ter sido enforcado após pedir para sair do avião: “Eu fiquei sentado até chegar ao meu limite, mas não aguentei mais”. Além disso,destacou as condições difíceis enfrentadas: “Não comia direito há 40 horas e não tomava banho há cinco dias”. Em meio ao conflito dentro do avião, os próprios deportados acionaram as escadas de emergência do aparelho causando o cancelamento do voo.
Maus-tratos durante a detenção e no voo
Luiz Fernando, morador do interior mineiro que esteve nos Estados Unidos por um ano e meio antes da detenção há 40 dias naquele país, descreveu cenas chocantes dentro da aeronave americana.Ele afirmou que um compatriota chegou a desmaiar após receber um golpe conhecido como mata-leão aplicado por agentes americanos.
Outro deportado mineiro jovem relatou tratamento rigoroso: Luiz Antônio disse que os brasileiros foram tratados conforme as expectativas negativas sobre imigrantes ilegais nos EUA – sem poder falar ou reclamar durante o trajeto. Aelinton Cândido classificou sua experiência como “a pior coisa” já vivida.Além disso, vários passageiros relataram dificuldades desde sua prisão nos Estados Unidos até o momento da deportação. Lucas Gabriel afirmou: “Até os cachorros do Brasil estavam comendo melhor que a gente lá”, referindo-se à alimentação restrita oferecida aos detidos.
reação das autoridades brasileiras
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota classificando como degradante o tratamento recebido pelos brasileiros deportados e anunciou questionamentos ao governo americano sobre os fatos ocorridos sob administração Donald Trump – cuja política tem intensificado ações contra imigrantes indocumentados com uso frequente de aviões militares nas deportações.
Na noite do sábado (25), o chanceler Mauro Vieira reuniu-se com autoridades locais em Manaus para colher informações detalhadas sobre o incidente envolvendo o voo americano. Somente após essa ação foi disponibilizado pela Força Aérea Brasileira um avião para transportar os repatriados até Minas Gerais na manhã seguinte.
O Ministério da Justiça brasileiro também condenou publicamente as práticas adotadas pelos agentes estrangeiros como flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos nacionais. Já sob custódia brasileira na chegada ao país continental foram retiradas algemas dos passageiros; eles receberam comida adequada e colchões para descanso conforme relato dos próprios repatriados.
A ministra dos Direitos Humanos ressaltou ainda ser imprescindível respeitar políticas migratórias sem violar direitos humanos básicos: “Os países têm suas políticas imigratórias”, declarou Macaé Evaristo “mas elas não podem violar os Direitos Humanos”.
Conclusão
Este episódio evidencia desafios humanitários enfrentados por brasileiros retornando ao país sob circunstâncias adversas fora do território nacional – especialmente envolvendo procedimentos internacionais controversos relacionados à imigração ilegal ou irregularidade documental.
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