O Brasil conseguiu reduzir em 12% as emissões de gases de efeito estufa em 2023, totalizando 2,3 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e), contra 2,6 bilhões no ano anterior. A informação foi divulgada pelo Observatório do Clima nesta quinta-feira (7). Essa queda representa a maior redução percentual desde 2009, ano que registrou o menor índice da série histórica iniciada em 1990. A principal causa dessa diminuição foi a redução do desmatamento na Amazônia, embora o avanço da devastação em outros biomas ainda represente um desafio para o país.
Redução das emissões e impacto do desmatamento na Amazônia
A queda nas emissões por desmatamento na floresta amazônica foi significativa: houve uma redução de 37%, passando de 1,074 bilhão para 687 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente. Apesar desse avanço positivo, os dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG) indicam que a destruição nos demais biomas brasileiros gerou uma emissão bruta totalizada em 1,04 GtCO2e ao longo do ano.
Dependência da amazônia para metas climáticas
David Tsai, coordenador do SEEG, destaca que essa diminuição é uma boa notícia e coloca o Brasil no caminho certo para cumprir sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), cujo novo plano deve ser apresentado até fevereiro de 2025. No entanto, ele alerta sobre a dependência excessiva dos resultados obtidos na Amazônia e ressalta que as políticas voltadas aos outros setores ainda são insuficientes ou inexistentes. Segundo Tsai: “O Brasil precisa desenvolver um plano consistente para descarbonizar sua economia e promover transformações reais”.
Situação dos demais biomas brasileiros
Enquanto a Amazônia apresenta avanços no combate ao desmatamento, outros biomas enfrentam aumento nas emissões por queimadas e derrubadas:
- Cerrado: aumento de 23%
- Caatinga: aumento de 11%
- Mata Atlântica: aumento leve de 4%
- Pantanal: crescimento expressivo com 86%
No Pampa houve uma queda nas emissões (15%), mas esse bioma representa apenas cerca de 1% das emissões totais nacionais.
Bárbara Zimbres, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), responsável pelos cálculos das mudanças no uso da terra no SEEG reforça que esse “vazamento” entre os biomas é preocupante e exige soluções urgentes para garantir o cumprimento das metas brasileiras.
Uso da terra e agropecuária como principais fontes emissores
As alterações no uso da terra foram responsáveis por quase metade (46%) das emissões nacionais em gases estufa – cerca de 1,062 bilhão de toneladas CO2e. A agropecuária atingiu seu quarto recorde consecutivo com alta nas emissões (+2,2%), respondendo por aproximadamente 28% das emissões brutas brasileiras devido principalmente ao crescimento do rebanho bovino.
Grande parte dessas emissões vem da fermentação entérica – conhecida popularmente como “arroto” dos bovinos – contabilizando cerca de 405 milhões toneladas só em 2023; valor superior à emissão total anual da Itália. Somando-se às mudanças no uso da terra relacionadas à atividade agropecuária chega-se a um impacto conjunto estimado em 74% das emissões totais nacionais nesse setor.
Gabriel quintana analisa que os aumentos recentes são puxados pelo crescimento populacional bovino e pelo uso intensificado tanto calcário quanto fertilizantes nitrogenados sintéticos. Ele destaca também o desafio climático enfrentado pela agropecuária brasileira: alinhar mitigação eficiente com produtividade sustentável através especialmente da redução dos gases metano emitidos pelos animais e adoção crescente sistemas capazes sequestrar carbono nos solos agrícolas.
Setores energia,resíduos e queimadas
Nos setores energético e resíduos houve pequenos aumentos nas respectivas taxas anuais:
- Resíduos cresceram cerca de 1%
- Energia teve alta próxima a 1,1%
Esse incremento está associado principalmente ao maior consumo nacional dos combustíveis óleo diesel , gasolina , querosene aeronáutico , refletindo num acréscimo significativo (+3 ,2%) nas emissõ es ligadas ao transporte .as atividades energéticas somaram aproximadamente 511 MtCO₂e ou seja quase um quarto (22%)do total nacional.
Por outro lado , as queimadas tiveram quedas importantes : -38 %em pastagens ; -7 %em vegetação nativa . Embora não contabilizadas oficialmente nos inventários nacionais essas fontes ganham relevância diante dos riscos crescentes provocados pelas mudanças climáticas inclusive dentro florestas úmidas .
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