manter o aquecimento global em 1,5 grau Celsius ainda é possível, mas exige uma redução significativa nas emissões de gases do efeito estufa. Segundo o Relatório sobre Lacuna de Emissões 2024, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) na última quinta-feira (24), os países precisam diminuir suas emissões em 42% até 2030 e em 57% até 2035 para alcançar essa meta. O documento também destaca que as atuais políticas e compromissos não são suficientes para evitar um aumento maior da temperatura global.
Cenário Atual das Emissões e Metas Globais
O relatório revela que a continuidade das políticas vigentes pode levar a um aquecimento máximo de 3,1°C ao longo deste século, com uma probabilidade de 66%. Além disso, há ainda uma chance de 10% do aumento ultrapassar os 3,6°C. Os compromissos assumidos pelos países no Acordo de Paris por meio das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para 2030 não estão sendo cumpridos integralmente e são insuficientes para manter a temperatura dentro dos limites estabelecidos.
Impacto do Cumprimento parcial ou Total das NDCs
Mesmo se todas as NDCs forem cumpridas rigorosamente até 2030 – incluindo metas condicionais à disponibilidade financeira internacional – a elevação da temperatura seria cerca de 2,6°C. Caso apenas as metas incondicionais sejam implementadas,esse valor sobe para 2,8°C. Já seguindo somente as políticas atuais sem ajustes adicionais, o planeta enfrentaria um aumento próximo a 3,1°C.
prazo e Urgência nas Negociações Climáticas
Para António Guterres, secretário-geral da ONU, é essential agir imediatamente durante a próxima rodada de negociações climáticas marcada entre os dias 11 e 22 de novembro, na COP29. Ele alerta que “fechar a lacuna de emissões significa fechar também lacunas na ambição política, implementação prática e financiamento”.O prazo final para atualização das NDCs é fevereiro de 2025 – antes da COP30 que será realizada em Belém do pará.
Nova Referência nas Metas Climáticas
Nas novas metas previstas pela ONU com base no ano referência 2019,limitar o aquecimento abaixo dos dois graus Celsius exigiria cortes nas emissões globais da ordem de 28% até 2030 e 37% até 2035. no entanto, atrasos já provocaram consequências graves como o recorde histórico registrado em emissões: foram emitidas aproximadamente 57 bilhões toneladas equivalentes CO₂ em 2023, dificultando ainda mais atingir esses objetivos.
Caminhos Possíveis Para Redução das Emissões
O relatório aponta alternativas viáveis para reduzir significativamente as emissões:
- A expansão do uso das tecnologias solar e eólica poderia cortar cerca de 27% dessas emissões até 2030 e chegar a uma redução próxima dos 38% em 2035.
- Melhorias na gestão florestal – reduzindo desmatamento ilegal aliado ao aumento do reflorestamento – têm potencial adicional estimado entre 19% (emissão atual) até 20%,respectivamente nos anos citados.
Investimentos Necessários Para Neutralidade Climática
Para alcançar zero emissão líquida globalmente até meados deste século (2050) seriam necessários investimentos anuais entre US$ 900 bilhões a US$ 2 trilhões desde 2021. Embora representem valores elevados no curto prazo são considerados administráveis diante da dimensão econômica mundial atual avaliada em quase US$ 110 trilhões nos mercados financeiros globais.
A ligação direta entre crescimento acelerado nas emissões globais com eventos climáticos extremos fica clara: furacões mais intensos impulsionados por temperaturas marinhas recordes; calor extremo transformando florestas brasileiras como barris inflamáveis; cidades sofrendo efeitos severos semelhantes às saunas; além dos episódios frequentes inéditos como enchentes devastadoras pelo mundo afora – todos esses impactos reforçam urgência máxima apontada pelo PNUMA.
Com Manaus ocupando posição preocupante como nona cidade brasileira com maior número mortes excessivas relacionadas ao calor intenso local, fica evidente que ações concretas devem ser priorizadas regionalmente também.
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