os jovens estão cada vez mais solitários e demonstram menos interesse em manter múltiplos relacionamentos afetivos. Essa tendência, confirmada por pesquisas recentes divulgadas na Folha de S.Paulo, reflete uma mudança significativa no comportamento da geração Z, que prefere conexões virtuais à intimidade física tradicional.O fenômeno envolve fatores como o uso intenso de telas digitais,a substituição do sexo por entretenimento online e a busca por liberdade que esconde uma nova forma de solidão.
A redução das relações sexuais entre os jovens
Segundo dados apresentados pela psicóloga jean W. Twenge, da San Diego State University, a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) tem em média metade dos parceiros sexuais que seus pais da geração X (1965-1981) tiveram ao longo da vida. Enquanto os pais somavam cerca de dez parceiros, os filhos ficam na casa dos cinco.Na Suécia, país conhecido pelo rigor estatístico, 30% dos homens entre 18 e 24 anos não tiveram relações sexuais no último ano – um dado alarmante para quem associa juventude com desejo sexual ativo.
O fenômeno do apagão sexual
Esse cenário é chamado de apagão sexual, uma ruptura silenciosa com a ideia tradicional de que juventude está diretamente ligada ao desejo e à atividade sexual constante. O que chama atenção não é apenas a diminuição do sexo real, mas também como ele vem sendo substituído naturalmente por outras formas de interação: pornografia digital, jogos online e redes sociais oferecem estímulos imediatos sem exigir esforço emocional ou físico.
Intimidade virtual versus vida real
Mirian Goldenberg destaca que o sexo presencial exige algo raro nos dias atuais: esforço,tempo e intimidade – elementos difíceis de conciliar com as mais de nove horas diárias conectadas à internet registradas em pesquisas brasileiras recentes. No ambiente virtual não há necessidade nem mesmo do preparo básico para encontros reais; basta ter uma senha para acessar diferentes formas de conexão instantânea.
Mudanças culturais na percepção sobre o sexo
Além disso,relatos coletados pela pesquisadora mostram mudanças culturais profundas: mulheres alemãs casadas há anos já consideravam natural viver sem sexo ativo priorizando outros aspectos como amizade e projetos pessoais – algo antes incomum no Brasil mas hoje cada vez mais compreendido localmente.
O desabafo recente da atriz Fernanda Lima no podcast “Surubaum” viralizou justamente porque expressa essa realidade comum: “O sexo não está fácil. A vida está corrida”. Se até casais considerados modelos nacionais enfrentam essa dificuldade para manter o ritmo sexual habitual, fica claro o impacto dessa transformação social.
Novas formas de intimidade após os 50 anos
Na pós-graduação conduzida por Goldenberg foram relatados casos onde mulheres acima dos cinquenta aposentaram as relações sexuais tradicionais devido à menopausa ou optaram pelo uso do vibrador – considerado mais eficiente e menos desgastante emocionalmente – além das chamadas amantes virtuais. Isso levanta questionamentos sobre se essas novas práticas ainda configuram “sexo verdadeiro” ou se estamos redefinindo intimidade para algo restrito às telas digitais com término imediato após logout.
Reflexões finais sobre prazer e desejo
O Brasil sempre foi associado ao prazer tropical marcado pelo samba e sensualidade natural; contudo Rita Lee já alertava poeticamente: “Velho não quer trepar; velho quer ter tesão na alma”. A provocação final colocada pela pesquisa é se os jovens também estariam abrindo mão do ato físico em si para buscar apenas esse tesão espiritual ou emocional.
De qualquer forma, esse apagão sexual representa menos um colapso geral da libido humana do que um sintoma claro das transformações sociais onde o corpo passa a ser mero acessório enquanto as conexões digitais crescem porém aprofundam uma solidão disfarçada sob aparente liberdade constante.
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