domingo, julho 6, 2025
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Espetáculo ‘Onà’ traz dança e ancestralidade ao Teatro

O espetáculo Onà, criação solo de Eduardo Cunha, bacharel em Dança pela UEA, inicia temporada especial voltada a estudantes de escolas públicas da periferia de Manaus. A proposta inverte o roteiro tradicional: os alunos irão ao Teatro da Instalação para vivenciar a obra no espaço cênico.

A temporada contará com três sessões abertas ao público: terça-feira (9), às 9h30, e sexta-feira (11), às 9h30 e 15h. O espetáculo é gratuito, dura 35 minutos e é livre para todos.

Onà integra o projeto Saberes que Dançam, com foco na sensibilização, reconhecimento e fortalecimento da identidade racial e cultural, especialmente entre jovens negros. A proposta estimula a reflexão sobre a história afro-brasileira.

“É importante que esses estudantes se vejam nos palcos, nos teatros, nos lugares de poder simbólico. É um convite para que reconheçam sua própria história”, afirma Eduardo Cunha, também produtor cultural.

Trajetória ancestral em cinco cenas

O nome Onà vem do iorubá e significa “caminho”. A obra nasceu da pesquisa de conclusão de curso de Eduardo Cunha e mistura dança contemporânea, influenciada por William Forsythe, e movimentos da capoeira.

O solo se desenvolve em cinco cenas: Em Silêncio, Sussurros, Ginga, Mata e Batuque. Cada uma traz memória e forças ancestrais ligadas à história da escravidão e resistência negra no Brasil.

“Trazidos de diferentes partes de África, os negros eram separados para não se entenderem… Na ausência da palavra, nascia uma forma silenciosa de resistir”, revela Cunha.

A trilha sonora é original, criada e tocada ao vivo pelo artista com violoncelo, percussão e elementos eletrônicos. Eduardo Cunha responde por direção, arte, figurino, iluminação e interpretação.

Entre a dança e o pertencimento

Além da experiência estética, Onà tem compromisso pedagógico e social. O objetivo do espetáculo é fortalecer a identidade racial dos jovens, usando a dança como ferramenta para enfrentar racismo e intolerância religiosa.

“Quando comecei a trabalhar com danças populares e folclóricas, especialmente a swingueira, vi o quanto esses corpos eram marginalizados. Mas são justamente esses corpos que carregam história, potência e beleza”, afirmou o coreógrafo.

Cultura inclusiva e acessível

As sessões no Teatro da Instalação promovem a presença dos estudantes periféricos, fortalecendo autoestima coletiva e acesso à arte. O projeto oferece intérprete de Libras e equipe técnica sensibilizada para garantir inclusão.

Protagonismo negro e políticas afirmativas

Onà insere jovens negros na cena cultural amazônica, promovendo protagonismo artístico e políticas afirmativas via arte. Para Eduardo, o solo é uma afirmação de existência.

“Este trabalho é também sobre mim, sobre os caminhos que trilhei enquanto artista periférico, negro e independente. É meu corpo dizendo: eu existo, eu tenho história e eu danço”, conclui Eduardo.

O projeto foi contemplado pelo Edital Nº 04/2023 de Chamamento Público para Povo Negro e Comunidades Tradicionais, da Lei Paulo Gustavo, via Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC/AM).

(*) Com informações da assessoria

Leia mais: Espetáculo ‘Manaós’ chega ao Teatro Amazonas neste fim de semana

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