Formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Adjuto Afonso exerce o sexto mandato de sua carreira política, sendo eleito deputado estadual nos anos de 1998, 2006, 2010, 2014, 2018 e 2022. Tem como bandeira de luta o desenvolvimento econômico a partir do empreendedorismo e do cooperativismo, e acredita em um novo modelo econômico para o interior, que incentive o crescimento de acordo com as potencialidades de cada região, especialmente, o setor primário. Também defende a Zona Franca de Manaus e a extensão do Polo para dentro do estado.
Adjuto Afonso encabeça movimentos pela construção e reforma de portos, aeroportos, abertura de novas hidrovias, e que sejam estabelecidos critérios para a privatização do rio Madeira, conforme projeta o governo federal, assim como também luta pela regulamentação da navegação, pois as estradas do Amazonas são os rios. Confira a entrevista:
EM TEMPO – Entre os projetos de lei de sua autoria, quais já estão em vigor e têm gerado impacto direto na vida da população?
ADJUTO AFONSO – No decorrer desses seis mandatos, fui autor de uma Lei pensada no contexto da pandemia da Covid-19, mas que até hoje beneficia a população do Estado, principalmente aos nossos irmãos do interior. A Lei nº 5.405, de 2021, possibilita que farmácias e drogarias do Amazonas ofereçam assistência farmacêutica por meio do teletrabalho ou atendimento farmacêuti co remoto aos seus pacientes. Vale destacar que a iniciativa não prevê a subs tuição da presença física do farmacêutico, mas permite que farmácias e drogarias realizem serviços de telessaúde, justamente sob a orientação de um profissional farmacêutico. Temos uma insuficiência de farmacêu cos em diversos municípios amazonenses e essa lei ajuda a equacionar esse problema, garantindo e ampliando a assistência em localidades desprovidas desse profissional.
ET – Dessas propostas, qual o senhor considera de maior destaque até o momento?
AA – O papel do deputado não é apenas a elaboração das Leis. Cabe aos parlamentares, também, fazer indicações ao Executivo para serem analisadas e que retornem à Casa Legislativa em forma de Projeto de Lei para serem discu dos, votados e aprovados na Assembleia. Nesse contexto, propus emendas à Lei nº 7.402/2025, que altera a Lei nº5.604/2021, e que define regras para o serviço de transporte hidroviário intermunicipal de passageiros e cargas aqui no Amazonas. A nova legislação, já sancionada pelo governador Wilson Lima, veio para melhorar a qualidade dos serviços de transporte fluvial no Amazonas e é resultado de uma ampla discussão, em Audiências Públicas propostas por mim, com representantes do segmento do transporte fluvial, tanto de cargas como de passageiros.
ET – Como 1º vice-presidente da Aleam, como o senhor avalia a trajetória da Casa até o momento?
AA – Como 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, avalio que a trajetória da Casa, sob o comando do deputado Roberto Cidade na presidência, tem sido marcada por avanços significativos e por um compromisso cada vez maior com a modernização, a transparência e a proximidade com a população. Temos trabalhado de forma integrada entre a Mesa Diretora e os demais parlamentares para aprimorar os processos legislativos, fortalecer a fiscalização das políticas públicas e garantir que as demandas da sociedade amazonense sejam atendidas com responsabilidade e eficiência. A Aleam tem demonstrado maturidade ins tucional, mantendo um diálogo permanente com os diversos setores do Estado e buscando soluções que contribuam para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Amazonas.
ET – Como secretário geral, qual o principal papel da União de Parlamentares Sul Americanos e do Mercosul (UPM)?
AA – O principal papel da União de Parlamentares Sul Americanos e do Mercosul (UPM) é atuar como um espaço de articulação e cooperação entre os parlamentos estaduais dos países integrantes do Mercosul, fortalecendo a integração regional e aproximando nossas legislações, políticas públicas e agendas estratégicas. No caso específico do Bloco Brasileiro da UPM, nossa missão é coordenar a participação dos deputados estaduais brasileiros em temas relacionados ao Mercosul, promovendo o diálogo com os demais blocos nacionais e com entidades congêneres.
ET – Entre as suas bandeiras estão o empreendedorismo e o coopera vismo. Como o senhor tem trabalhado para priorizar essas áreas?
AA – Como presidente de duas Frentes Parlamentares, a de apoio ao empreendedorismo e ao cooperativismo, atuamos em parceria com as entidades desses segmentos, seja OCB, seja o Sebrae, Afeam, entre outros, oferecendo atendimentos, prestando orientações e até intermediando negociações para inserir cada vez mais empreendedores no mercado. Nossa Frente Parlamentar de Apoio ao Empreendedorismo opera em parceria com o Sebrae-AM, realiza atendimentos a empreendedores dentro de uma Assembleia Legislativa do país. Tanto o empreendedorismo quanto o cooperativismo têm um enorme potencial para impactar positivamente a área industrial, especialmente ao fortalecer cadeias produtivas locais e ampliar a oferta de matéria-prima com qualidade, regularidade e valor agregado.
ET – Há projetos voltados especificamente para pequenos, médios e grandes empresários? Quais seriam?
AA – Como apoiador do empreendedorismo e do cooperativismo, nossas ações são, principalmente, voltadas para os pequenos e médios empresários. O que não impede, porém, de que os grandes empresários aqui do estado, em especial do Polo Industrial também sejam impactados pelas ações do nosso mandato. Um exemplo: quando a gente garante que os produtores de borracha do interior tenham acesso a crédito para produzir mais látex, com mais eficiência e mais qualidade, isso beneficia diretamente o setor de Duas Rodas, o setor Plástico do PIM, que passam a ter acesso mais rápidos aos nossos bioinsumos que também são indispensáveis, já que estamos falando que uma cadeia produtiva. O mesmo vale para a castanha, o mesmo vale paro o açaí, e tantos outros insumos.
ET – Estamos em um ano pré-eleitoral. Como o senhor define sua atuação nesse período?
AA – Mesmo estando em um ano pré-eleitoral, não vamos diminuir o ritmo de trabalho. Minhas pautas continuam tendo por base o compromisso com o trabalho parlamentar e o respeito às instituições. Meu foco continua sendo a defesa dos interesses da população, o acompanhamento das políticas públicas e a busca de soluções para os desafios do nosso Estado. Entendo que a melhor forma de atuar nesse e em qualquer outro período é mantendo responsabilidade, transparência e coerência com aquilo que venho defendendo ao longo de meus mandatos. Continuo trabalhando para entregar resultados concretos, fortalecer ações que melhoram a vida das pessoas e construindo políticas duradouras, sem misturar o papel institucional com o processo eleitoral. Acredito que o eleitor reconhece quem trabalha de forma séria e continua, independentemente do calendário políco.
ET – Quais são suas projeções para 2026?
AA – Para 2026, minhas projeções estão centradas no fortalecimento do trabalho que já venho desenvolvendo e na continuidade de uma agenda responsável voltada ao desenvolvimento do nosso Estado. Acredito que o próximo ciclo será decisivo para avançarmos em pautas estruturantes, como o planejamento territorial, a sustentabilidade econômica do Amazonas, o fortalecimento do setor primário e a garantia de políticas públicas que atendam, de fato, às necessidades da população. Minha expectativa é seguir contribuindo de forma séria e consistente, ampliando o diálogo com os municípios, com as instituições e com a sociedade civil, para que possamos construir soluções duradouras e preparar o Estado para os desafios dos próximos anos.
