Manaus (AM) – Ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos confirmou que disputará vaga no Senado Federal nas eleições de 2026. Em entrevista ao Portal Em Tempo, ele falou sobre sua experiência política, a campanha de 2024, o papel dentro do PT e a necessidade de uma aliança mais ampla para enfrentar o pleito que terá duas vagas em disputa no Amazonas.
Abaixo, a íntegra das respostas de Marcelo Ramos ao Com a Palavra:
Em Tempo: O senhor tem intenção de disputar as eleições de 2026? Em caso afirmativo, a qual cargo pretende concorrer e quais são as motivações para essa escolha?
Marcelo Ramos: Hoje tenho compromisso profissional no meu escritório de advocacia e na minha consultoria, com atuação em Manaus, Brasília e São Paulo, que exigem muita dedicação, mas a política é um caminho para servir ao povo do Amazonas e essa é a minha missão de vida. Sou pré-candidato ao Senado.
ET: O senhor acredita que sua experiência como ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, aliada ao seu desempenho político recente, o credencia para disputar uma vaga no Senado Federal em 2026?
Marcelo Ramos: Veja. O senador foi fundamental para a defesa da Zona Franca de Manaus (ZFM) durante o debate da reforma tributária. Não fossem os senadores Omar Aziz e Eduardo Braga, além do compromisso do presidente Lula, teríamos tido enormes prejuízos. Precisamos de senadores de prestígio nacional e capacidade de articulação em Brasília e, por isso, a experiência de vice-presidente da Câmara e do Congresso Nacional me credencia.
ET: Quais aprendizados leva da sua campanha à Prefeitura de Manaus em 2024, e de que forma essa experiência influencia seus próximos passos na política?
Marcelo Ramos: Foi uma campanha linda, que me reconectou com a cidade e me deu a oportunidade de apresentar um diagnóstico e soluções concretas e viáveis para os nossos problemas. A campanha encerrou e o que se viu até hoje é que eu era o mais preparado e tinha as melhores propostas. Mas não era o meu tempo, eu estava afastado da política e havia perdido a conexão com a cidade.
ET: Desde sua entrada no PT, como avalia sua articulação interna no partido? Já se sente plenamente integrado às suas bases e diretrizes?
Marcelo Ramos: Eu me sinto muito bem no meu partido. O PT é um partido que optou por ser diverso, e, por isso, tem seus conflitos internos, mas eu procuro conversar com todos e ser um ponto de unidade para as questões estratégicas que passam pela luta por democracia, o avanço na economia e nos direitos sociais, e o nosso projeto eleitoral para 2026.
ET: Qual deve ser o seu papel dentro do PT no Amazonas nas eleições de 2026? O senhor enxerga espaço para composições com forças políticas fora do campo da esquerda?
Marcelo Ramos: Penso que toda a esquerda deve estar unida, mas devemos ampliar com aliados do governo do presidente Lula, como os senadores Omar Aziz e Eduardo Braga. Vamos construir uma aliança com todos que defendam a democracia e os avanços sociais e econômicos do governo Lula.
ET: Na sua avaliação, o PT está preparado para liderar uma frente majoritária no Amazonas em 2026? O que sustenta essa posição?
Marcelo Ramos: O PT sempre será protagonista porque é o partido presidente, mas vamos construir essa liderança com todos que tenham compromisso com o Amazonas e com o Brasil, em especial, os nossos senadores Omar e Eduardo.
ET: Como o senhor avalia o atual cenário político no Amazonas? Na sua percepção, o eleitorado tem demonstrado maior abertura ao debate programático e a propostas de longo prazo?
Marcelo Ramos: Os resultados econômicos e sociais são tão positivos que não tem como a realidade não se impor a essas campanhas de fake news e ao preconceito ideológico. Faremos o debate sobre o Amazonas e sobre o Brasil, comparando com o governo anterior, mas, principalmente, apontando caminhos para um futuro de prosperidade.
ET: Na sua visão, quais devem ser os principais temas que irão pautar a eleição de 2026 no Amazonas, e por que eles devem ganhar protagonismo no debate eleitoral?
Marcelo Ramos: Certamente, segurança e saúde terão centralidade no debate porque o governo Wilson Lima falhou com seu dever de proteger e cuidar da população. Também é hora de debater a sustentabilidade da ZFM e a diversificação da nossa matriz econômica.
ET: Embora esteja sem mandato, o senhor afirma que nunca deixou a política. Como tem atuado nos bastidores desde 2024 para manter sua influência e presença política?
Marcelo Ramos: Mesmo sem mandato, participei de quase todos os debates e reuniões da bancada sobre reforma tributária e sempre usei meu relacionamento e minha influência para convencer lideranças do Congresso da importância de preservar o nosso modelo. Não há um tema do Amazonas que eu não monitore no Congresso e no qual não intervenha para proteger sempre os direitos da nossa gente.
ET: Quais propostas o senhor pretende defender para fortalecer o modelo da Zona Franca de Manaus, caso retorne à bancada do Amazonas em 2026?
Marcelo Ramos: Quero ir para o Senado discutir e viabilizar recursos que garantam infraestrutura logística para a ZFM (hidrovias sinalizadas, balizadas e navegáveis o ano inteiro), concorrência no sistema portuário, desburocratização, investimento pesado em educação, pesquisa e inovação, principalmente na área de bioeconomia e indústria de software. Além de discutir uma política séria de segurança pública para que as pessoas possam viver mais seguras e tranquilas.
ET: Existe espaço para propor políticas de interiorização da indústria, com foco em sustentabilidade e desenvolvimento local?
Marcelo Ramos: Penso que, quando falamos em bioeconomia, estamos garantindo interiorização. Mas é preciso concluir o zoneamento ecológico econômico do Amazonas, criar cadeias produtivas, formar o produtor para modos de produção sustentável e investir muito em pesquisa e inovação no setor primário e na bioeconomia.
ET: Na sua visão, a polarização entre esquerda e direita pode atrapalhar a sua disputa, caso se lance candidato?
Marcelo Ramos: A maioria da população não toma sua decisão por direita ou esquerda; o mundo moderno nem cabe mais nos conceitos tradicionais de direita e esquerda. As pessoas escolhem aqueles que podem fazer sua vida melhorar, ter emprego, escola boa para o filho, saúde digna, poder andar seguro nas ruas. Eu sou um cara progressista, mas estou longe de ser um radical. Então, não acho que o debate eleitoral se resume a direita x esquerda, nem que isso garanta vitória ou derrota para ninguém.
ET: Como o senhor avalia a lembrança do seu nome pelo eleitorado na disputa pelo Senado?
Marcelo Ramos: “Enquanto todos os pré-candidatos ao Senado seguem nos seus cargos públicos (não considero isso nenhum demérito) e em pré-campanha, eu sigo no meu corre como advogado, consultor e professor, vivendo da minha atividade privada, sem descuidar de contribuir sempre com o debate e com a luta em defesa do Amazonas. É motivo de muito orgulho pra mim, mesmo sem mandato, sem máquina pública, sem emendas, aparecer com mais de 10% de intenção de votos para o Senado, em Manaus — percentual acima do governador — e acima de 8% nos 11 municípios pesquisados do interior — percentual acima de um dos senadores. Agradeço o carinho e a confiança dos amazonenses e seguirei minha caminhada profissional, sem jamais deixar de me dedicar a servir nossa gente. Confirmo a minha pré-candidatura ao Senado e entrego essa jornada aos meus amigos e milhares de amazonenses que confiam em mim. Vamos à luta!”.
Pesquisa para o Senado
Na última quarta-feira (30), uma pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto IPEN em parceria com o portal G6 revelou que Marcelo Ramos é um dos nomes citados na corrida pelas duas vagas ao Senado pelo Amazonas em 2026. No cenário estimulado com votos válidos, ele aparece com 10,3% das intenções de voto, superando Plínio Valério (9,9%), atual senador do Amazonas.
O levantamento mostra liderança de Eduardo Braga (29,1%), seguido por Capitão Alberto Neto (21,8%) e Marcos Rotta (11,6%). Os números foram aferidos tanto na capital quanto em 11 municípios do interior.
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