O descarte inadequado de lixo e o acúmulo de resíduos sólidos nos igarapés de Manaus representam um desafio ambiental significativo, impactando tanto a saúde pública quanto a qualidade do meio ambiente. Recentemente,a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) realizou o quinto transbordo do ano,retirando aproximadamente 400 toneladas de lixo dos rios e igarapés da capital.
A presença excessiva de lixo é um fator que eleva os riscos à saúde, especialmente para as comunidades mais vulneráveis que vivem em áreas afetadas por esses ambientes insalubres. O médico infectologista Noaldo Lucena alerta sobre os perigos da poluição causada por resíduos sólidos e esgoto: “A contaminação das águas favorece a proliferação de micro-organismos prejudiciais à saúde humana”, afirma.
Entre as doenças mais comuns associadas ao contato com água contaminada estão leptospirose, hepatite A e infecções cutâneas. A médica infectologista Fabiane Giovanella Borges destaca que essas enfermidades não apenas causam sofrimento físico como também podem resultar em complicações graves, sobrecarregando os serviços públicos de saúde.Com o aumento das cheias nos rios do Amazonas, o lixo acumulado nos igarapés se aproxima ainda mais das residências locais. Isso atrai animais como roedores, conhecidos transmissores da doença Mpox; em 2025 foram registrados 171 casos dessa enfermidade no estado.
Além dos riscos à saúde pública, o acúmulo de resíduos compromete a qualidade ambiental dos cursos d’água na região. O avanço desordenado da urbanização dificulta esforços para preservar esses ecossistemas vitais. Sávio Ferreira, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ressalta que muitos materiais descartados poderiam ser reciclados e sua presença nas águas afeta negativamente tanto os ecossistemas aquáticos quanto terrestres.
Para enfrentar essa problemática complexa é essencial uma colaboração efetiva entre comunidade e poder público. welton Oda, professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), enfatiza que há uma grande disparidade na alocação dos recursos destinados ao manejo ambiental nas diferentes zonas da cidade: “É necessário garantir que as vozes das camadas populares sejam ouvidas nas decisões públicas”, defende.
Atualmente, a Prefeitura tem investido na instalação de ecobarreiras nos principais igarapés urbanos para reter resíduos antes que estes alcancem os rios. Segundo informações oficiais municipais, essa iniciativa resultou em uma redução significativa — cerca de 50% — no volume mensal de lixo lançado no rio Negro.
Entretanto, especialistas alertam que essas barreiras não resolvem todos os problemas relacionados à poluição hídrica; elas são eficazes contra resíduos sólidos mas não impedem o lançamento inadequado do esgoto doméstico nas águas fluviais. Para Sávio ferreira: “É essential implementar medidas adicionais para tratar esgoto e restaurar ambientes aquáticos.”
Soluções integradas são necessárias para abordar esse problema multifacetado; isso inclui pesquisa contínua sobre recursos hídricos e ações conjuntas entre autoridades locais e especialistas ambientais. exemplos internacionais mostram como intervenções bem planejadas podem transformar áreas urbanas degradadas em espaços saudáveis novamente.
Em Manaus também existem iniciativas comunitárias ativas como “Juntos pelo Igarapé do Gigante”, focada na arborização local e educação ambiental junto às comunidades ribeirinhas desde 2014.Gilberto Ribeiro destaca seu compromisso com a recuperação desses espaços naturais tão importantes para todos: “Trabalhar pelo Igarapé é resgatar um pedaço essencial da nossa cultura”.
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