terça-feira, novembro 18, 2025
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Depoentes driblam CPMI e sessão cai

Sessão é cancelada após ausências estratégicas; parlamentares cobram explicações sobre suspeitas de fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura desvios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu suspender a sessão prevista para esta segunda-feira (17), depois que os dois depoentes do dia — considerados peças-chave nas investigações — comunicaram que não compareceriam. A manobra provocou forte reação entre os parlamentares e contribuiu para o aumento das tensões internas da comissão.

A ausência mais criticada foi a de Jucimar Fonseca da Silva, ex-coordenador de Pagamentos e Benefícios do INSS. Embora tenha apresentado um atestado médico, a Junta Médica da Câmara concluiu que ele estava apto a depor. Mesmo assim, Jucimar informou à presidência da CPMI que não participaria da sessão.

Onze requerimentos pedindo sua convocação haviam sido protocolados, tanto por parlamentares aliados ao governo quanto pela oposição.

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) argumentou que sua participação era essencial, já que Jucimar defendeu a retomada de convênios com entidades suspeitas de envolvimento em fraudes.

Para Pimenta, o depoimento permitiria esclarecer critérios usados na aprovação de convênios e verificar se houve diligências mínimas antes da liberação de descontos automáticos em benefícios.

O segundo convocado, o empresário Thiago Schettini, também não compareceu — mas por motivo jurídico. Ele apresentou um habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do STF, que garantiu seu direito de não prestar depoimento.

Embora estivesse convocado como testemunha, Mendonça avaliou que Schettini é investigado em ações penais em curso e, portanto, poderia permanecer em silêncio para evitar autoincriminação.

Com isso, seu comparecimento tornou-se facultativo, conforme entendimento consolidado na Corte.

Três requerimentos da base governista solici­tavam sua oitiva. Schettini é apontado por investigadores como um “facilitador” do esquema e ligado ao empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, acusado de operar parte das fraudes.

De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), existem indícios de movimentações financeiras e viagens suspeitas que conectam Schettini ao esquema.

Desdobramentos das investigações

A CPMI ocorre em paralelo a ações da Polícia Federal, que na semana passada prendeu o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto. A operação investiga um esquema de descontos associativos não autorizados que teria afetado milhões de aposentados e inss/” title=”AM é um dos alvos de operação que investiga fraude de R$ 6,3 bilhões no …”>pensionistas em todo o país.

Também estão sob investigação o ex-ministro da Previdência do governo Bolsonaro, José Carlos Oliveira, além de pelo menos dois parlamentares que, segundo a PF, podem ter ligação com o esquema de cobrança irregular.

O cancelamento da sessão aumenta a pressão política sobre a CPMI, que tenta avançar num dos maiores escândalos recentes envolvendo o sistema previdenciário brasileiro.

(*) Com informações da Agência Brasil

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