Trupe amazonense apresentou o espetáculo “Bertoldo, Estudo nº 1 ou O Tubarão Que Queria Ser Gente” como parte do projeto Caixa Cultural, garantindo a presença de mais de 1,6 mil adultos e crianças
A saga de “Bertoldo – Estudo nº 1 ou O Tubarão que queria ser gente” conquistou o público curitibano durante as férias de julho. Inspirado em um conto do poeta alemão Bertolt Brecht, o espetáculo produzido pelo grupo amazonense Buia Teatro garantiu ingressos esgotados durante a curta temporada de 10 a 20 de julho em Curitiba (PR) pelo programa Caixa Cultural.
Mais de 1,6 mil adultos e crianças prestigiaram o musical infanto-juvenil, o que resultou inclusive em uma sessão extra, conforme anúncio nas redes sociais do projeto desenvolvido pela Caixa Econômica Federal, que oferece acesso gratuito a diversas manifestações artísticas e culturais. Conforme os responsáveis, a peça foi “um verdadeiro arrasa-quarteirão”, com filas que dobravam as quadras do centro para quem queria assegurar os ingressos distribuídos 30 minutos antes de cada sessão.
Eleita uma das dez melhores peças infantis do ano pelo site especializado “Pecinha e a Vovozinha”, a montagem de 60 minutos propõe uma metáfora divertida e profunda sobre poder, manipulação e ética e conta a história de um tubarão que, influenciado pelo misterioso professor Ninguém, tenta prender peixes em gaiolas para ensiná-los a nadar tranquilamente em sua direção. No entanto, o destemido professor Alguém e um peixinho sagaz percebem o perigo e fazem de tudo para alertar o cardume.
Fundador da Buia Teatro Company (em parceria com a atriz, figurinista e artista visual Maria Hagge), o diretor e dramaturgo Tércio Silva declara que toda a trupe é grata à equipe da Caixa Cultural Curitiba pela parceria e por transformarem um espaço tão especial – com 125 lugares fixos, mas que precisou receber pelo menos 75 cadeiras extras durante as apresentações da companhia amazonense – em acesso real à cultura e ao teatro de qualidade para as infâncias.
“Saber que mais de 1,6 mil pessoas mergulharam com a gente nessa fábula brechtiana sobre coragem, liberdade e transformação nos deixa profundamente tocados. Saímos dessa temporada com o coração aquecido e a certeza de que nosso trabalho alcançou muitos corações. Isso nos dá força para seguir, mesmo diante das dificuldades”, salienta.
De acordo com ele, “Bertoldo” nadou em águas profundas e encontrou seu lugar nas férias de tantas famílias. “Isso era perceptível nos olhos atentos das crianças, nos risos, nos abraços e nas perguntas que ecoaram depois de cada sessão. Voltamos para casa com o coração transbordando e com a convicção de que o teatro para as infâncias é urgente, necessário e capaz de transformar o mundo”, enfatiza.
Arte & Pensamento Crítico
Com dramaturgia de Christine Röhrig, direção de Tércio Silva e músicas originais compostas em parceria com o argentino Gustavo Kurlat, a encenação – que estreou na 55ª edição do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto), um dos maiores e mais respeitados festivais internacionais de artes cênicas do Brasil, que acontece desde 1969 – mistura palavras, canções, formas animadas e uma cenografia viva, com figurinos inspirados na obra do artista Arthur Bispo do Rosário.
Segundo Tércio, “Bertoldo – Estudo nº 1 ou O Tubarão que queria ser gente” trata de temas cruciais, como a busca por aceitação e a importância da amizade, e questiona a ética de ações predatórias e a manipulação de informações. “Nossa proposta sempre foi unir arte e pensamento crítico, beleza e provocação, em um teatro voltado para todas as idades e que dialoga com o presente, apostando na formação de plateias conscientes desde cedo. É uma experiência que mexe com as emoções e convida o público a refletir, independentemente da idade”, finaliza.
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