Dados recentes do Ministério da Saúde,divulgados no Dia Mundial Sem Tabaco,revelam que o número de fumantes no Brasil cresceu 25% em 2024,retornando aos índices registrados em 2012. Essa é a primeira alta significativa em duas décadas, e especialistas apontam os cigarros eletrônicos (para-alertar-jovens-sobre-riscos-do-vape/” title=”Campanha 'Vape Mata' utiliza linguagem gamer … alertar jovens sobre riscos do vape”>vapes) como um dos principais responsáveis por esse aumento preocupante.
Crescimento do tabagismo impulsionado pelos cigarros eletrônicos
O levantamento mostra que a proporção de adultos fumantes subiu de 9,3% em 2023 para 11,6% neste ano. O hábito ainda é mais frequente entre homens (13,8%), mas também tem aumentado entre as mulheres (9,8%). Segundo especialistas consultados pelo Metrópoles, o avanço do tabagismo está diretamente ligado à popularização dos cigarros eletrônicos. Apesar da proibição vigente, esses dispositivos circulam livremente e atraem principalmente adolescentes devido aos sabores variados e formatos chamativos que escondem sua toxicidade.
O pneumologista Ricardo Amorim, presidente da sociedade Brasileira de pneumologia e Tisiologia (SBPT), alerta para o impacto desses aparelhos na saúde pública: “A introdução do cigarro eletrônico trouxe um risco real ao país e seus efeitos podem perdurar por muito tempo, especialmente porque os jovens são mais vulneráveis ao início do vício.”
Problemas à saúde causados pelo uso prolongado de vape
- Doenças pulmonares crônicas: incluem bronquite crônica,enfisema pulmonar,doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar.
- Complicações cardiovasculares: uso frequente eleva pressão arterial e frequência cardíaca, aumentando riscos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
- Efeitos neurológicos: dependência da nicotina, alterações cerebrais durante o desenvolvimento e aumento da ansiedade.
- Risco de câncer: exposição às substâncias presentes nos vapes pode desencadear diferentes tipos de câncer.
- EVALI: lesão pulmonar grave associada ao uso desses dispositivos que pode causar sequelas permanentes.
Formação de uma nova geração dependente
Estudos indicam que mais de um quarto dos estudantes brasileiros do ensino médio já experimentaram cigarros eletrônicos. O apelo visual aliado aos sabores variados torna esses produtos altamente atrativos.Além disso, as doses de nicotina presentes podem ser até 120 vezes maiores que as encontradas nos cigarros tradicionais.Para o pneumologista Rafael Rodrigues de Miranda,professor do Grupo MedCof,essa realidade sinaliza a formação de uma nova geração viciada: “Estamos provavelmente diante da criação de uma nova geração de tabagistas devido ao alto potencial viciante desses dispositivos.” Ele destaca ainda que esse crescimento descontrolado ameaça o reconhecimento internacional do Brasil como referência nas campanhas antitabagismo.
Desafios para as políticas públicas brasileiras
Desde a década de 1990, o Brasil implementou políticas eficazes contra o tabagismo tradicional – como proibição da propaganda de cigarro, advertências nos maços e ambientes livres de fumaça – resultando numa queda progressiva no consumo. No entanto, os vapes escaparam dessas medidas por não conterem tabaco e não serem percebidos pela população como cigarro.
A pneumologista Sandra Guimarães explica: “Os dispositivos eletrônicos apresentam riscos significativos à saúde cardiovascular e pulmonar. Embora contenham menos substâncias cancerígenas que os cigarros convencionais, ainda é cedo para afirmar que oferecem menor risco.” Ela também ressalta o perigo da EVALI – uma condição pulmonar grave associada ao uso desses produtos.
Impactos no sistema de saúde
Ainda faltam estudos conclusivos sobre os efeitos a longo prazo dos vapes e sua possível classificação como agentes cancerígenos. O presidente da SBPT reforça a necessidade urgente de campanhas educativas: “Temos jovens morrendo; é fundamental ampliar ações estruturadas para conscientizar principalmente os mais vulneráveis.”
Doenças pulmonares crônicas continuam sendo uma preocupação central. Cerca de 90% dos casos estão ligados à inalação das fumaças tóxicas presentes nos cigarros tradicionais ou eletrônicos. Além disso, o uso combinado dessas duas formas quadruplica o risco de desenvolver enfermidades respiratórias graves.
Enquanto isso, as políticas públicas avançam lentamente diante dessa nova ameaça. Especialistas defendem ações integradas envolvendo escolas, redes sociais e influenciadores digitais para ampliar a conscientização sobre os riscos dos vapes – além da necessidade urgente de regulamentação rigorosa quanto à venda e propaganda desses produtos proibidos mas amplamente disponíveis.
Rafael Rodrigues conclui: “É imprescindível intensificar regulação, fiscalização e campanhas específicas contra os perigos dos cigarros eletrônicos para evitar prejudicar outra geração com dependência à nicotina.”
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