Polícia investiga possível erro na anestesia que teria provocado a morte de Pedro Henrique durante cirurgia.
O corpo do bebê Pedro Henrique Falcão, de 1 ano e 7 meses, morto durante uma cirurgia, foi exumado nesta quinta-feira (11) para novas investigações após um pedido da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM). A mãe, Stefany Falcão Lima, afirma que o filho morreu após erro na dosagem da anestesia durante o procedimento na maternidade do Hospital Municipal Eraldo Neves Falcão, em Presidente Figueiredo.
Stefany diz que presenciou toda a cirurgia e relata que, após a sedação inicial não fazer efeito, o anestesiologista Orlando Calendo Ignacio Astampo aumentou a dose dos medicamentos. Segundo ela, o bebê sofreu queda na saturação, piorou rapidamente e morreu logo depois. O óbito ocorreu em 11 de novembro.
O delegado Valdinei Silva, do 37º Distrito Integrado de Polícia (DIP), explica que pediu a exumação porque não houve perícia no corpo e o hospital não comunicou a morte à polícia.
“Estamos ouvindo familiares e demais envolvidos nesta semana. Requisitamos a exumação para realizar um exame mais detalhado. Solicitamos urgência e a perícia vai ser feita para colher mais provas”, afirmou o delegado.
A advogada da família, Doracy Queiroz de Oliveira Neta, reforça que a exumação é essencial para reunir as provas necessárias e acelerar o inquérito.
O caso
Stefany conta que levou o filho à Unidade Básica de Saúde (UBS) por causa de dores no ouvido. Nos exames, o pediatra identificou fimose. Dias depois, após nova ida à unidade, a criança foi encaminhada ao hospital, avaliada e levada para cirurgia.
A mãe afirma ainda que o anestesiologista iniciou a intubação sem ventilação adequada e demorou a pedir ajuda.
“Ao ver a saturação e os sinais vitais caindo, e percebendo que o anestesiologista não buscava apoio, eu mesma pedi à enfermeira que chamasse o pediatra. Ele não pediu ajuda de forma proativa”, disse.
Documentos divulgados mostram que o pediatra entrou na sala, iniciou as manobras de reanimação e questionou o anestesiologista sobre as medicações usadas, mas não recebeu resposta imediata. O profissional também registrou que a sala não estava preparada para atendimento pediátrico.
O diretor clínico, Daniel Mota, afirma que o anestesiologista começou a trabalhar na unidade entre 2020 e 2021, após processo seletivo, e pediu exoneração depois do caso.
“Estamos fornecendo todos os esclarecimentos. A mãe já tem acesso aos prontuários, relatórios e documentos da equipe. Ele pediu exoneração por decisão própria, alegando que não tinha mais condições, inclusive psicológicas, de permanecer. Já temos outro anestesista na unidade”, disse.
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