O ativista brasileiro Thiago Ávila retornou ao Brasil na manhã desta sexta-feira (13) após ser deportado por Israel. Ele foi detido no veleiro Madleen, que fazia parte da Coalizão Flotilha da Liberdade (FFC) e transportava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.A embarcação foi interceptada por forças israelenses no Mar Mediterrâneo no último domingo. Thiago desembarcou por volta das 7h no Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde foi recebido pela esposa e filha, além de manifestantes pró-Palestina que protestavam contra o governo israelense.
Interceptação do veleiro Madleen e deportação de ativistas
O barco Madleen, com bandeira britânica e operado pela FFC, partiu da Sicília em 6 de junho com destino à Faixa de Gaza. No domingo passado, a embarcação foi abordada pela Marinha Israelense em águas internacionais do Mar Mediterrâneo, a mais de 100 quilômetros da costa de Gaza. Além do brasileiro Thiago Ávila,estavam a bordo outros ativistas internacionais como Greta Thunberg e a deputada francesa Rima Hassan.
Após a interceptação, seis passageiros foram deportados: além de Thiago Ávila (Brasil), Mark van Rennes (Holanda), Suayb Ordu (Turquia), Yasemin Acar (Alemanha), Reva viard (França) e Rima Hassan (França). Dois ativistas franceses permanecem detidos na Prisão de Givon com previsão para deportação nesta sexta-feira.
Condições enfrentadas durante a detenção
Diferentemente da ativista sueca Greta Thunberg – que foi deportada imediatamente – Thiago não assinou um documento reconhecendo ter cometido crime ao tentar entrar ilegalmente em Israel. Por isso, ele ficou preso em uma cela escura sem refrigeração por dois dias em um centro de detenção israelense antes da deportação oficial.
Durante esse período na solitária, o brasileiro recusou alimentação oferecida pelas autoridades locais e anunciou greve de fome diante das ameaças recebidas para permanecer isolado por até sete dias sem contato com sua defesa legal. Segundo ele, houve pressão para assinar declarações falsas sobre sua entrada no país.
Declarações e críticas feitas por Thiago Ávila
Em entrevista concedida após escala em Madri antes do retorno ao Brasil, Thiago rejeitou ser chamado “herói” pelos apoiadores presentes no aeroporto internacional paulista. Ele afirmou ter participado como aliado do povo palestino e classificou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu como “o maior inimigo do mundo atualmente”.
Thiago denunciou o Estado israelense como racista e supremacista responsável há oito décadas por limpeza étnica contra os palestinos – uma questão ideológica que precisa ser enfrentada globalmente segundo ele. Também criticou duramente o sionismo israelense pelo apoio dos Estados Unidos à guerra contra Gaza.
Além disso destacou:
- Pressão sofrida para assinar documentos ilegais
- Violência durante prisão
- Necessidade urgente mundial para deter ataques contra civis palestinos
- Apelo ao brasil para romper relações diplomáticas com Israel
- Defesa dos direitos humanos dos palestinos presos injustamente
Ele ressaltou ainda que os verdadeiros heróis são os próprios palestinos sobrevivendo sob condições extremas há quase dois anos consecutivos.
Reações políticas brasileiras
A esposa do ativista foi recebida pelo Ministério das Relações Exteriores na última segunda-feira pela Secretária-Geral maria Laura da Rocha. O Itamaraty reafirmou compromisso nacional com o Estado Palestino reconhecido desde 2010 e destacou importância da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), cuja Comissão Consultiva será presidida pelo Brasil a partir deste mês.
No Aeroporto Internacional de Guarulhos manifestantes pró-Palestina exibiram cartazes pedindo boicote a Israel enquanto criticavam Netanyahu; também cobraram posicionamento firme do presidente Lula quanto às relações bilaterais entre Brasil e governo israelense.
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