A adaptação do clássico “O Alienista”, de Machado de Assis, está prestes a ganhar uma nova interpretação com um toque amazônico. Intitulada “A casa Verde”, a obra é desenvolvida pelos artistas locais Tércio Silva e Rafael Ramos e busca transformar o universo machadiano em uma fábula crítica e sensorial ambientada nas ruínas de Paricatuba, no Amazonas.
Este projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo e tem previsão de conclusão nos próximos dois meses. A adaptação propõe um diálogo entre os limites da razão ocidental e o pensamento do líder indígena Ailton Krenak,incorporando elementos simbólicos da cultura amazônica. O enredo apresenta árvores que falam, formigas guias, peixes que caem do céu e rituais de cura com ervas.
A narrativa se desenrola em um hospital psiquiátrico fictício chamado “Casa Verde”, construído sobre as ruínas de um antigo leprosário em Paricatuba. O personagem Dr. Bacamarte é reinventado como um médico negro e homossexual que lida com seus próprios traumas enquanto tenta classificar a loucura. Ao seu lado está Lua, uma menina silenciosa que desafia as convenções médicas ao usar placas penduradas no pescoço com mensagens como “Não confie em médicos”.
Tércio Silva,coautor e diretor do projeto,descreve essa proposta como uma devolução simbólica: “Queremos que a Amazônia deixe de ser apenas cenário; ela precisa ser corpo,linguagem e consciência.” Com experiência anterior no longa-metragem “O Rio do Desejo”, este é o primeiro roteiro escrito por Tércio.
Rafael Ramos traz sua experiência cinematográfica com filmes como “manaus Hot city”, premiado pelo Canal Brasil.Ele destaca as influências do realismo fantástico latino-americano na construção da narrativa: “A Casa Verde fala sobre o que chamam de loucura, mas trata da potência daqueles que ousam pensar diferente.”
Como parte das contrapartidas deste projeto cultural, os autores oferecerão uma oficina gratuita de roteiro em Manaus para jovens cineastas e estudantes da área. Essa iniciativa visa discutir estrutura narrativa, criação de personagens e o uso do território amazônico como dramaturgia viva.
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