Hoje é sexta-feira, 13, data que carrega uma forte carga simbólica e supersticiosa em diversas culturas ocidentais. Tradicionalmente associada ao azar ou à sorte, essa combinação numérica desperta medos e crenças populares que influenciam o comportamento de muitas pessoas. A fobia específica ao número 13 é conhecida como triscaidecafobia,termo originado do grego e registrado pela primeira vez em 1910 pelo psicólogo Isador Coriat. Este texto explora as origens dessa superstição, suas manifestações psicológicas e culturais, além de discutir por que mesmo pessoas céticas podem ser influenciadas por essas crenças.
A origem da superstição em torno do número 13
O medo do número 13 está ligado principalmente à sua posição no conjunto numeral: ele sucede o número 12, considerado símbolo de completude em várias tradições. Segundo o pesquisador Joe Nickell, esse simbolismo se reflete em diferentes aspectos culturais:
- Meses do ano: O calendário romano divide o ano em 12 meses organizados para marcar o tempo.
- Deuses do Olimpo: Na mitologia grega, eram exatamente 12 os principais deuses que governavam a vida dos mortais.
- Signos do zodíaco: A astrologia ocidental segmenta a esfera celeste em 12 signos com influência sobre características humanas.
- Apóstolos de Jesus: Na tradição cristã são reconhecidos os 12 apóstolos escolhidos para propagar seus ensinamentos.
Por esses motivos históricos e culturais ligados à cultura ocidental – abrangendo Europa, América, Oceania e parte da África do Sul – o número 13 passou a ser visto como um elemento fora desse ciclo “completo”, gerando interpretações negativas.
Além disso, nos jogos de tarô conforme Antoine Court de Gébelin, o número treze era considerado “sempre azarado”, reforçando seu estigma na cultura popular.
Superstições: entre irracionalidade e comportamento humano
Apesar da falta de base científica comprovada para as superstições relacionadas ao dia ou ao número treze, elas continuam presentes até mesmo entre ateus ou céticos declarados. O historiador religioso David Kling destaca estudos laboratoriais onde indivíduos acreditavam influenciar eventos impossíveis apenas por desejo ou ritual – como ajudar um jogador a marcar gol ou prejudicar alguém com bonecos vodu.
Para Kling essas crenças funcionam como mecanismos psicológicos para lidar com recompensas e punições sobrenaturais imaginárias. Elas representam tentativas humanas naturais de controlar situações imprevisíveis diante da incerteza.
Quando surgem as superstições?
pesquisas indicam que superstições tendem a emergir especialmente sob condições adversas: alto risco emocional ou físico; falta de controle; estresse intenso; incertezas sobre resultados futuros. Nesses momentos cresce a expectativa por forças externas capazes de monitorar nossas ações – seja chamado karma ou justiça divina.
A professora Catherine Newell ressalta ainda um ponto importante trazido pelo filósofo karl Popper: teorias científicas precisam ser falseáveis (passíveis de serem provadas erradas), algo difícil no campo das superstições porque não há meios concretos para comprovar sua validade ou invalidade.
Mesmo assim muitas pessoas mantêm rituais supersticiosos conscientes da ausência total fundamentação científica. Um exemplo curioso foi dado pelo físico Niels Bohr quando questionado sobre uma ferradura pendurada na casa dele: respondeu ironicamente que lhe disseram trazer sorte “quer ele acreditasse nisso ou não”.Conclusão
O medo irracional associado à sexta-feira 13 tem raízes profundas na história cultural ocidental ligadas à ideia simbólica dos números no ciclo natural e religioso. Apesar das evidências científicas apontarem para sua inconsistência lógica, as superstições persistem devido às necessidades emocionais humanas diante da imprevisibilidade da vida cotidiana.
Acompanhe as atualizações da matéria e outras reportagens relevantes no Portal Notícias do Amazonas e fique sempre bem informado com as notícias de Manaus e região!