Um ataque contra indígenas Avá-Guarani na comunidade Tekoha Guasu Guavirá, localizada entre os municípios de Guaíra e Terra Roxa, no oeste do Paraná, deixou cinco pessoas feridas na noite de sexta-feira (3), incluindo duas crianças. Segundo o cacique Ilson Soares,este foi o quarto ataque sofrido pela comunidade em uma semana,aumentando a tensão na região marcada por um conflito histórico envolvendo disputas territoriais desde a construção da Usina de Itaipu.
Conflito e ataques recentes
Nos últimos sete dias, a comunidade indígena enfrentou cercos por pistoleiros que resultaram em ferimentos graves. entre os atingidos estão uma criança com ferimento na perna, um jovem baleado nas costas e outro indígena com lesão no maxilar causada por munição de grosso calibre.três dos feridos foram encaminhados ao hospital Bom Jesus em Toledo (PR), enquanto o indígena com ferimento mais grave precisou ser transferido para Cascavel.Os ataques anteriores ocorreram no final de dezembro do ano passado e deixaram outros indígenas feridos. Além disso, incêndios destruíram barracos e plantações da comunidade, provocando desabrigamento das famílias e escassez de alimentos e água potável.
Resposta das autoridades
A comunidade denuncia o descaso das autoridades locais diante da violência crescente. Os ataques têm sido minimizados por membros da Força nacional como “rojões”, termo que gerou indignação entre os indígenas. Em resposta à escalada dos conflitos, o Ministério da Justiça determinou um aumento de 50% no efetivo da força Nacional na área para reforçar a segurança desde sábado (4).
A Polícia Federal está conduzindo as investigações para identificar os responsáveis pelos disparos com apoio da polícia Militar do Paraná e da própria Força Nacional. A região permanece sob vigilância constante com equipes prontas para agir rapidamente caso haja novos incidentes.
Além disso, a Guarda Municipal local junto à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) colaboram nas ações de proteção e monitoramento das comunidades afetadas.
Histórico do conflito territorial
O conflito é antigo e tem origem nas reivindicações dos povos indígenas sobre terras que teriam sido alagadas durante a construção da usina Hidrelétrica de Itaipu nos anos 1970. Essas áreas não passaram pelo processo formal de demarcação até hoje. Agricultores também reivindicam direitos sobre essas terras disputadas.
As comunidades Avá-Guarani estão distribuídas em 14 aldeias dentro do território Tekoha Guasu Guavirá e outras 10 aldeias na área Tekoha Guasu Okoy Jakutinga – ambas localizadas no oeste paranaense – conforme relatório divulgado pela Comissão Guarani Yvyrupa.
embora algumas dessas terras não tenham sido submersas pela usina durante sua construção nos anos 70, elas foram convertidas posteriormente em áreas agrícolas produtivas pelas forças econômicas locais. Essa situação mantém as comunidades vulneráveis frente às pressões externas.
A falta do reconhecimento oficial dessas terras pelo Estado brasileiro somada à resistência política especialmente vinda do setor ruralista agrava ainda mais as tensões territoriais existentes atualmente entre indígenas e agricultores locais – cenário marcado por frequentes violações aos direitos humanos desses povos originários.
Conclusão
O aumento recente dos ataques evidencia a urgência em garantir proteção efetiva às comunidades Avá-Guarani envolvidas nesse conflito histórico territorial que persiste há décadas desde a implantação da Usina Itaipu. É basic que as autoridades mantenham esforços contínuos para mediar pacificamente essa disputa garantindo segurança aos povos indígenas afetados.
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