O Tribunal de Justiça do Amazonas iniciou na manhã desta segunda-feira (22) o julgamento virtual do recurso apresentado pela defesa dos condenados no caso Djidja Cardoso. A sessão conta com sustentação oral dos advogados e é relatada pela desembargadora Luiza Cristina Nascimento da Costa Marques. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) reconheceu falhas no processo, apontando cerceamento de defesa, mas defende a manutenção das condenações.
Julgamento virtual e questionamentos da defesa
O recurso em análise foi protocolado pelos advogados dos sete condenados ligados à família de Djidja Cardoso, acusados de integrar uma associação criminosa que promovia o uso ilegal de cetamina por meio do grupo religioso “Pai, Mãe, Vida”. O MPAM admitiu que houve erro processual ao não informar os defensores sobre a inclusão de laudos periciais antes da sentença, configurando cerceamento da defesa. Por isso, solicitou a anulação parcial dos atos processuais para que o caso retorne à primeira instância.
Apesar dessa falha reconhecida pelo Ministério Público, ele sustenta que as provas contra os réus são robustas e suficientes para manter as condenações. Entre essas evidências estão depoimentos e mensagens extraídas de celulares que comprovam a existência da organização criminosa dedicada ao tráfico.
Condenações aplicadas aos envolvidos
A Justiça sentenciou sete pessoas vinculadas à família Cardoso por tráfico e associação para o tráfico envolvendo cetamina – droga alucinógena considerada perigosa.As penas são idênticas para todos os réus:
- Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja): 10 anos, 11 meses e 8 dias em regime fechado
- Ademar Farias Cardoso Neto (irmão): mesma pena
- José Máximo Silva de Oliveira (dono da clínica veterinária): mesma pena
- Sávio Soares Pereira (sócio da clínica): mesma pena
- Hatus Moraes Silveira (coach familiar): mesma pena
- Verônica da Costa Seixas (gerente dos salões familiares): mesma pena
- Bruno Roberto da Silva Lima (ex-namorado): mesma pena
Verônica e Bruno respondem ao processo em liberdade provisória; os demais cumprem prisão em regime fechado.
Investigação detalhada sobre o esquema criminoso
Segundo as investigações conduzidas pelo MPAM e polícia local:
- O grupo religioso utilizava rituais com cetamina realizados tanto na casa quanto nos salões administrados pela família;
- A droga era fornecida por uma clínica veterinária ligada aos investigados;
- Ademar teria introduzido a substância após viagem internacional a Londres;
- Os membros acreditavam simbolicamente nas figuras religiosas atribuídas: Ademar como Jesus Cristo, Cleusimar como Maria e Djidja como maria Madalena;
- Vítimas relataram abusos graves incluindo violência sexual e aborto forçado durante esses rituais.
Durante as buscas foram apreendidos seringas, bulas médicas além das ampolas contendo cetamina. Três pessoas foram inocentadas por falta de provas suficientes.
Causa oficial do falecimento de djidja Cardoso
Djidja foi encontrada morta em sua residência no dia 28 maio último. O laudo pericial emitido pelo Instituto Médico Legal indicou edema cerebral associado à insuficiência cardíaca e respiratória como causa direta do óbito. A principal hipótese levantada pelas autoridades é overdose provocada pelo uso excessivo ou inadequado da cetamina durante os rituais promovidos pelo grupo investigado.
Este julgamento representa um momento importante na apuração das responsabilidades criminais relacionadas ao caso complexo envolvendo drogas ilícitas disfarçadas sob práticas religiosas no Amazonas. A decisão final poderá impactar diretamente nas condições legais dos réus atualmente presos ou respondendo em liberdade provisória.
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