Nos últimos meses, o preço dos peixes mais consumidos em Manaus apresentou alta significativa, influenciado pela escassez de algumas espécies, pelo aumento dos custos de transporte e pelos efeitos das secas severas que afetam o ciclo natural da pesca. Essa situação tem levado muitos consumidores a substituírem o peixe por outras fontes de proteína, como carne e frango.
Aumento nos preços do pescado em manaus
O tambaqui foi a espécie que registrou a maior elevação no valor.Um exemplar de três quilos passou de R$ 50 para cerca de R$ 95, chegando até R$ 100 em alguns pontos comerciais – um aumento próximo a 100%. Espécies como pacu e jaraqui também tiveram variações expressivas nos preços.
Transporte: um fator determinante na alta
Raimundo Nascimento, trabalhador da feira da Compensa na zona Oeste da cidade, destaca que o transporte do pescado é um dos principais responsáveis pelo aumento dos valores. As cheias e secas nos rios amazônicos dificultam a navegação e encarecem os custos com gelo e diesel para manter o peixe fresco durante o trajeto.
Ele explica que antigamente o quilo do tambaqui custava entre R$ 7 e R$ 8; atualmente chega a R$ 15. Para peixes capturados diretamente no rio, os preços variam entre R$ 22 e R$ 25 por quilo. Essa diferença é percebida pelos consumidores tanto nas feiras tradicionais quanto nos supermercados.
Karina Costa, vendedora na Feira do Lírio do vale, reforça que além do transporte caro há também falta de algumas espécies importantes como pacu e aruanã. Isso contribui para elevar ainda mais os preços desses peixes – cinco pacus são vendidos por cerca de R$ 50 devido à escassez – levando clientes a optarem por outros alimentos.
Impactos financeiros para as famílias
A empresária Silvete Ferreira relata ter sentido no bolso essa alta recente ao comprar peixe tanto para seu comércio quanto para consumo doméstico. Ela afirma que os valores ficaram muito elevados nos últimos dois meses: “Comprei seis pacus por aproximadamente R$ 100; estava muito caro mesmo”, conta ela sobre sua necessidade de substituir parte das compras por carne ou frango.
apesar disso, segundo David Lima, presidente do Sindicato dos Feirantes, o consumo tradicional continua forte especialmente aos finais de semana quando as vendas aumentam mesmo com preços altos: “Quem quer comer peixe vai continuar comprando; no dia a dia consome-se mais carne ou frango”.
Defeso influencia oferta e preço
O economista Carlos Eduardo explica que esse aumento anual é esperado devido às condições ecológicas típicas da Amazônia aliadas ao período do defeso – restrição à pesca entre novembro e março destinada à reprodução das espécies. Durante esse tempo ocorre menor disponibilidade alimentar para os peixes além da concentração deles em áreas reduzidas com água limitada.
além disso, as dificuldades logísticas causadas pelas condições climáticas tornam toda cadeia produtiva mais cara: “A navegação fica complexa aumentando custos desde captura até distribuição”, detalha Carlos Eduardo.
Previsão otimista após piracema
Para os próximos meses há expectativa mista mas com tendência à redução gradual dos preços após encerrado o período crítico conhecido como piracema (migração reprodutiva). O fim das vazantes permite maior facilidade na navegação enquanto ribeirinhos relatam aumento na oferta quando os peixes retornam aos rios principais.
David Lima reforça essa previsão afirmando: “Nos próximos dias deve haver queda nos valores porque aumenta a quantidade disponível; além disso seca ajuda deslocar peixes dentro dos lagos rumo ao rio contribuindo para baratear”.
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