Manaus (AM) – A ministra do Clima e Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), chegou em Manaus nesta segunda-feira (21) em meio a críticas de eleitores e políticos locais devido aos embargos na repavimentação da BR-319, rodovia estratégica que liga Manaus a Porto Velho. Contudo, especialista ouvido pelo Em Tempo pede que a ministra não seja vista como “inimiga do Amazonas”, mas compreendida a partir de uma análise técnica e equilibrada.
“Espero que a população amazônica não veja Marina Silva como inimiga. Ela é da nossa região e conhece as dificuldades que enfrentamos. Muitos de nós já passamos horas — e até dias — atravessando rios e estradas precárias para chegar a um hospital com nossos familiares. Tenho certeza de que ela compartilha dessa realidade e se importa conosco, porque somos todos irmãos nesta região tão especial. Não podemos reduzir o debate a ataques ideológicos”, afirmou o professor Rogério Fonseca, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
A declaração da ministra que mais causou repercussão foi a frase: “Vocês querem uma estrada só para andar de carro”, dita em referência à BR-319 em novembro de 2023. A fala provocou reação imediata da bancada amazonense em Brasília, que defende a conclusão da rodovia, assim como parlamentares da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e outras autoridades políticas.
O senador Omar Aziz (PSD) reagiu à declaração, afirmando que a BR-319 é essencial para os povos da Amazônia e um direito de todos. Em entrevista a um veículo de comunicação na semana passada, Aziz indagou: “E se quisermos andar de carro pela BR, não temos esse direito?”.
Para o líder da bancada amazonense no Congresso Nacional, a conclusão da BR-319 vai além da mobilidade: fortalece a integração regional e facilita a fiscalização ambiental, dificultada atualmente pela precariedade do trecho central da estrada.
“Nós não vamos sossegar enquanto a BR-319 não estiver pronta. Com a estrada pavimentada, a fiscalização será mais eficiente. Hoje, na época de chuvas, as caminhonetes não passam, dificultando o controle. Essa militância ambiental extremista não ajuda. Militância ambiental de verdade é proteger a floresta, como fazemos”, declarou o senador.
Por outro lado, Rogério Fonseca destaca que a repavimentação da BR-319 exige responsabilidade e compromisso com o uso sustentável.
“O avanço da rodovia só será possível se nós, cidadãos da Amazônia, assumirmos um compromisso com o uso consciente e sustentável da estrada. No passado, houve discussões importantes sobre o desenvolvimento regional, como o uso dos portos de Manaus e Itacoatiara para escoar a produção agrícola, que precisam ser retomadas”, explicou o especialista.
Ele reforçou que seu olhar é técnico e apartidário: “Nosso papel é proteger os direitos da população, sempre respeitando princípios como precaução, legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e economicidade. A UFAM e outras instituições estão atentas a tudo que acontece aqui e têm o compromisso de atuar ao lado da população amazônica.”
Contexto ambiental delicado
A chegada da ministra ocorre num momento sensível para o Amazonas, que, no ano passado, enfrentou uma das piores crises de qualidade do ar devido a uma intensa nuvem de fumaça provocada pelo desmatamento e queimadas. Manaus amanhecia frequentemente encoberta pela fumaça, impactando a saúde da população.
Marina Silva estará em Manaus até esta terça-feira (22), participando do 30º Congresso Internacional de Educação Ambiental, que reúne especialistas de vários países e traz à tona temas centrais como a preservação da Amazônia, o desenvolvimento sustentável e a infraestrutura regional — com a BR-319 entre os principais tópicos em debate.
Críticas de internautas
Nas redes sociais, a ministra de Lula foi alvo de críticas dos internautas amazônidas. Em um dos comentários, uma pessoa diz: “Porque ela não vem pela BR 319 de carro?”. Outra pessoa declarou: “Pq ela não vem pela transamazônico de carro, percorre o trecho entre o Pará e o Amazonas, depois entra na 319, e vem até Manaus. Só pra ela sentir como está de verdade. Olhar por vídeo e satélite eh fácil. Quero ver passar o perrengue”, dispara.
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