segunda-feira, julho 21, 2025
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“Objetivo é impulsionar produções culturais”, diz Caio André

Nesta entrevista, o Secretário de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Caio André, compartilha um panorama detalhado de suas atividades à frente da pasta nos primeiros seis meses. Ele aborda os esforços de escuta ativa junto a artistas e artesãos, a interiorização e democratização da cultura por meio do Liceu de Artes, o fomento ao artesanato indígena e de outras regiões, e a valorização das manifestações culturais de base do estado.

O secretário também expõe os planos para a revitalização do Centro Histórico de Manaus, enfatizando a importância da parceria entre o poder público e a iniciativa privada para impulsionar o cenário cultural e a economia criativa amazonense.

Foto: Divulgação

Em Tempo – Secretário, primeiramente um balanço das suas atividades à frente da SEC.

Secretário Caio André – Bem, estamos há seis meses à frente da pasta da Cultura e da Economia Criativa no Estado. Nós temos trabalhado, antes de tudo, ouvindo muitas pessoas, recebendo os artistas das mais diversas vertentes culturais aqui do Estado do Amazonas, assim como os nossos artesãos e as pessoas que trabalham com a parte da economia criativa.

O objetivo é dar continuidade ao trabalho que já vinha sendo realizado pelo governo do Estado por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Buscamos enfatizar, é claro, as pessoas que efetivamente movimentam o cenário cultural do Amazonas, pessoas que movimentam a economia que gira em torno da economia criativa. Temos muitos projetos a serem implementados, mas o principal é dar continuidade àquilo que já vinha dando certo.

Lógico que fazemos isso com o nosso toque, que é um toque de mais presença, de mais contato com as pessoas, fazendo uma intermediação junto ao Poder Executivo, junto ao governador Wilson Lima, junto aos outros secretários e junto ao Poder Legislativo Estadual, que é quem efetivamente fomenta o orçamento através da Lei Orçamentária e do Plano Plurianual. Trabalhamos para que a Secretaria de Cultura e Economia Criativa tenha o protagonismo que merece, para que possa fomentar ainda mais as nossas artes, quem faz arte e cultura no Estado do Amazonas.

ET – O senhor falou do artesanato. Como ele está sendo incentivado no Estado?

Caio André Sim, nós temos levado, inclusive, o Liceu de Artes para outras cidades do município. A gente tem duas sedes próprias no interior, que são o Liceu de Artes em Parintins, no Baixo Amazonas, e também em Envira, no Alto Juruá. Já inauguramos em Barreirinha e estamos levando para Humaitá e para Manacapuru. Queremos que os 62 municípios do Estado do Amazonas tenham essa formação artística e cultural através do nosso Liceu, que é um grande sucesso, um formador e produtor de gente que faz e executa a cultura no estado: músicos, dançarinos, gente que faz teatro, que produz no cenário artístico e cultural e também quem faz artesanato. Então, a gente tem trabalhado nesse sentido, no interior. A determinação do governador é que nós interiorizemos e democratizemos a cultura e a economia criativa do nosso Estado, e a gente tem pautado isso diariamente para que a gente consiga chegar aos lugares mais longínquos.

ET – Quer dizer que há, então, um cuidado muito especial com a cultura de base do Estado?

Caio André Sim, nós temos uma cultura de base muito forte, por exemplo, no Baixo Amazonas, com vários artistas trabalhando e passando a sua arte para os novos artistas, para a gente que vem trabalhando, não só dentro dos bois-bumbás, mas também escultores e pintores. Nós temos um projeto em Parintins chamado “Parintins Galeria Cidade a Céu Aberto”, que abraça os nossos artistas e artesãos, trabalhando essa ancestralidade de gente que vem de forma muito natural produzindo desde os nossos povos originários, passando, de forma até oral, a sua arte de pai para filho, para novos pupilos. Isso vem se expandindo de forma exponencial por todo o Estado do Amazonas, o que faz com que nós consigamos alcançar e romper essas fronteiras, não só do estado, mas também do Brasil, exportando a nossa arte para o mundo inteiro.

ET – O artesanato de Novo Airão, como a gente sabe, é famoso na Alemanha, onde os artistas expõem seus trabalhos e alcançam muito sucesso. Como o Governo do Estado está lidando com o artesanato desse município?

Caio André Sim, eu tenho, inclusive, presente de lá. O artesanato de Novo Airão é com a madeira, algo que é único e que nos coloca na vanguarda. E isso aconteceu muito em função de um alemão que foi desenvolver um trabalho lá em Novo Airão, onde ele possui um hotel, o Mirante do Gavião. Ele é totalmente voltado para essa arte e todo mundo que vê esse trabalho se encanta, e então ele acabou levando essa nossa arte para a Alemanha, para a Europa, expandindo para o mundo inteiro, o que só demonstra o potencial que nós temos tanto na cidade de Manaus como no interior do Estado do Amazonas. São coisas também que nos despertam um sentimento de pertencimento, de uma simbiose com a floresta e com tudo aquilo que é nosso, e a gente tem um modo único de fazer arte e é por isso que essa arte encanta o mundo.

ET – E o artesanato indígena, como a SEC fomenta esse artesanato?

Caio André O artesanato indígena abrange, de forma muito própria, tudo que é da floresta, tudo que é nosso, porque os nossos povos originários têm essa conexão muito grande com a floresta e a Amazônia, com a Amazônia que atrai os olhos do mundo inteiro. Todo mundo quer preservar mesmo sem conhecer muito, tem muita gente que dá pitaco sobre as coisas nossas aqui sem ter a mínima ideia do que é o fator amazônico, do que é viver aqui na floresta, do que é conviver com a natureza, com essa simbiose de que eu já falei aqui nesta entrevista. Pois os nossos povos originários fazem isso com maestria e é por isso que o nosso artesanato encanta todo o planeta. Agora em Parintins, no Festival Folclórico, nós tivemos quase 3 milhões de reais só de artesanato, só ali naquela área do Turistódromo, onde os nossos artistas e artesãos puderam mostrar sua arte e vender para o Brasil e para o mundo inteiro aquilo que nos é próprio.

ET – Pelo o que o senhor fala, o Governo do Amazonas está formando uma grande massa sobre algo que antes era feito aleatoriamente.

Caio André É verdade. O governo está formando uma massa. Sem dúvida, o Governo do Estado do Amazonas possui, de forma única, corpos artísticos, e aí a gente fala da Filarmônica, do nosso corpo de danças, do próprio Liceu de Artes, das mais diversas vertentes, é algo que só existe aqui no nosso Estado.

Isso faz com que nós tenhamos uma formação e uma produção cultural muito forte, que dá exatamente esse alicerce para a gente, com as nossas manifestações culturais próprias, como o Festival de Parintins, o Carnaval de Manaus, o Carnaval de Maués, as manifestações culturais de São Gabriel da Cachoeira, lá da Cabeça do Cachorro, em Iauaretê, as manifestações de Santo Isabel do Rio Negro, que são muito mais ligadas às nossas origens indígenas. Podemos citar também o Alto Solimões, com as manifestações culturais na região de fronteira, envolvendo Tabatinga e Santo Antônio do Içá. Isso já era muito próprio nosso, mas quando o governo fomenta e apoia essas manifestações, elas acabam ganhando uma visibilidade que não tinham antes.

E com os nossos corpos artísticos, com o fomento dado à formação da arte propriamente dita, faz com que a gente consiga fazer de forma exponencial não só a divulgação, mas o crescimento cultural e a formação dessas pessoas, fazendo com que elas consigam alcançar e romper essas fronteiras, isso é importantíssimo. Esse é o papel do governo, o papel de fomentar essa arte, fomentar essa cultura, e é por isso que todo esse trabalho tem dado certo nesse sentido. Isso nos dá um sentimento de orgulho e, ao mesmo tempo, de pertencimento, porque são coisas nossas. Isso é reconhecido lá fora, as pessoas reconhecem isso porque é muito próprio nosso, a nossa simbiose com a natureza.

ET – Secretário, com relação ao Centro Histórico de Manaus, o que o Governo do Estado está fazendo para resgatá-lo, já que ele se encontra totalmente abandonado?

Caio André Sim, a gente tem discussões no COPHAM (Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Amazonas), temos discutido junto com a CDL, junto com os empresários do Centro. Vamos fazer algumas ações culturais agora no final do ano, no Natal, que não ficarão restritas somente ao Largo São Sebastião. A gente quer pegar todo esse quadrilátero do Centro Histórico para que a gente continue fomentando.

A gente tem visto de forma muito efervescente o comércio crescendo, principalmente o comércio de serviços, de bares, restaurantes, no Centro da cidade, que é um movimento no Brasil inteiro. O Brasil tem se voltado novamente para as suas regiões mais históricas, onde se iniciou a vida nas cidades, um resgate histórico e cultural. É isso. Tudo junto, como tem que ser, de forma transversal.

A gente tem trabalhado isso também com a Amazonastur, com a iniciativa privada, que é quem precisa tocar isso, porque o governo é fomentador, o governo não é realizador. Então, o governo precisa fomentar isso. E nós temos trabalhado nesse sentido, junto com a Amazonastur. No final deste ano de 2025 teremos uma parceria público-privada entre o comércio e o governo, com o objetivo de impulsionar produções culturais e fazendo um grande chamamento para o Estado do Amazonas, principalmente para a cidade de Manaus, para a gente resgatar o nosso Centro Histórico.

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